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Sessão de 23 de Janeiro de 1924 11

não só o cambão. Há provias combinações já Coitas a esta hora (Apoiados) entre pretendentes aos navios do Estado.

Pregunto à Câmara se os direitos do Estado são salvaguardados com a proposta em discussão e se o Govêrno se pode defender dêsses cambões. O assunto é muito sério e nos queremos definir a nossa responsabilidade para que amanhã, quando os navios forem vendidos ao desbarato, como tem acontecido com os passais das igrejas, por conta e ordem do cambão, ninguém nos possa assacar nenhuma espécie de responsabilidade quanto ao resultado obtido.

Dêste lado da Câmara há só um intuito: não se pretende adquirir nenhum dos navios do Estado; só queremos zelar os interêsses do Estado tanto quanto possível.

Os navios do Estado, embora no estado em que se encontram, ainda representam um património razoável.

E realmente para desanimar ver um Ministro da competência e inteligência do Sr. António Fonseca tratar um problema desta natureza pelo modo como S. Exa. o tratou ontem, dizendo o que disse em resposta ao meu colega Sr. Carvalho da Silva.

No seu lugar de Ministro do Comércio, o Sr. António Fonseca não pensa hoje como quando era simples Deputado.

No exercício do lugar - de Ministro os homens de inteligência e estudo desempenham-se da maneira como estamos vendo.

S. Exa. também era absolutamente contrário ao sistema de pulverização de verbas para a construção de estradas e dêsde que é Ministro do Comércio já tem numerosíssimas aplicações de verbas, não para reparação de estradas, mas para construção.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca): — V. Exa. está mal informado. A proposta que mandei para a Mesa quando Deputado não autoriza a reparação, mas a transferência de verbas determinadas, nos mesmos termos em que o propõe a Administração Geral.

O Orador: — V. Exa. lançou o seu despacho. Portanto, concordou com a pulverização das verbas.

Tive o cuidado de examinar a nota, vinda a lume na imprensa, da distribuição de verbas pura estradas, e não encontrei uma única que se destinasse a reparação de estradas. Só para construção de estradas.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (António Fonseca): — Essas verbas são para reparação, e não para construção. V. Exa. está com grande desejo de ser desagradável ao Ministro do Comércio, e discutindo os Transportes Marítimos, como encontrou nos jornais essa distribuição, julgou que o devia discuti-la agora.

O Orador: — Há muito tempo que venho -pedindo a palavra para antes da ordem do dia, mas S. Exa. não está presente, por não poder. O assunto estradas prende há muito a minha atenção.

Se V. Exa. quisesse ser coerente, podia ter dado ordem terminante para que se não aplicasse uma única verba de reparações para construções, som que o Parlamento se pronunciasse sôbre a sua proposta.

O Sr. Lima Basto, quando ocupou a pasta do Comércio também teve todo o empenho de arcar com a questão, mas não deu um único despacho, a não ser quando o Sr. Vasco Borges tomou conta da pasta.

Houve muita gente de acordo com a minha maneira de ver.

Não vejo razão para a improficuidade das propostas que mandei para a Mesa; elas visam unicamente a dar ao Govêrno e à comissão liquidatária todos os meios precisos para poder lutar contra os famosos corvos que há muito tempo andam grasnando sôbre os Transportes Marítimos, e de que S. Exa. o Ministro do Comércio tem conhecimento mais perfeito.

Todos pretendem lançar mão da presa.

Em tais termos o Govêrno fica inteiramente impossibilitado de tratar com êstes indivíduos.

V. Exa. já viu o inconveniente que resulta do facto de o Govêrno, nos termos do artigo 2.° da proposta, não responder no prazo de três meses, como pode acontecer, até por uma crise política, a qual-