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18 Diário da Câmara dos Deputados

Mas tal sistema não o aceito eu e não o cumpro como Ministro das Finanças.
O que fiz, com o poder que a lei me dava, foi determinar às repartições de contabilidade que não expedissem ordens de pagamentos senão em determinadas condições.

Isso estava autorizado a fazer como Ministro das Finanças.

Ainda se disse também que o decreto que publiquei era prejudicial aos interêsses do Estado e vinha lhe causar prejuízos.

O decreto não prejudica o Estado, e só regulamenta o que não foi regulamentado com relação a uma parte da circulação fiduciária.

Mas se o Parlamento entende que êsse decreto é prejudicial à República, e às finanças publicas, que o revogue e que o Parlamento também negue a autorização que o Govêrno agora pede.

Cada um de nós, Govêrno e Parlamento, assume as suas responsabilidades perante, os que nos escutam e perante aqueles que seguem a marcha dos serviços públicos.

Nunca dei conselhos numa assemblea parlamentar.

Ponho em relevo a minha opinião pessoal, e digo quando uma situação é grave o como é grave.

Todos têm de tomar, es suas responsabilidades diante de uma grande crise.

Para tornar mais certas essas responsabilidades, necessário se torna que o Parlamento e o País vejam os nossos esfôrços, e os avaliem, estando absolutamente certo, que dessa forma poderemos dentro em breve transformar a República naquilo que todos nós, republicanos, desejamos que ela seja.

Muitos apoiados.

Sr. Presidente: a Câmara conhece-me muito bem, e sabe bem as minhas intenções, não só pelos meus actos, como pela minha vida política, e assim devo dizer, em abono da verdade, que se elas não são do molde a convencer 100 ou 200 políticos intelectuais, impossível será convencer seis milhões de habitantes.

Eu sou absolutamente defensor da Constituição, estando pronto a defendê-la em todos os campos, sempre que seja necessário, tanto mais como membro do Govêrno, responsável como sou pela ma-

nutenção da ordem. Serei implacável, e empregarei todos os meus esfôrços, pela manutenção da ordem, tanto mais, quanto é certo, que o Govêrno tem os elementos suficientes para isso.

Devo, porém, dizer, em abono da verdade, que a ordem pública está mais dependente do Parlamento do que do próprio Govêrno; a ordem pública está mais dependente do regime parlamentar, do que do Govêrno.

Assim, Sr. Presidente, devo dizer que necessário se torna que o Parlamento e o Govêrno se entendam de forma a que a República entre no caminho que todos nós desejamos.

Desnecessário se torna fazer a história dá República, muito principalmente para os antigos republicanos, pois, todos sabem os sacrifícios e os esfôrços que por vezes temos empregado, os quais se podem muito bem classificar de momentos de loucura, para a defender, e assim agora, mais do que nunca, se torna necessário que todos nós, republicanos, nos unamos de forma a que a República Portuguesa seja aquilo que todos nós desejamos que ela seja.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: pedi a palavra no momento em que o Sr. Presidente do Ministério afirmava que havia portugueses que queriam sabotar a Pátria e a República.

Quero crer que a acusação de S. Exa. se não dirigia a qualquer dos seus colegas desta Câmara.

Sejam quais forem as nossas divergências de opinião, sejam quais forem as divergências de processos, o Sr. Presidente do Ministério pode ter a certeza de que não encontra dentro desta casa do Parlamento quem prezo tam pouco a sua dignidade que seja capaz de sabotar a sua Pátria, ou republicanos capazes de sabotar a República.

Há sim divergência de opiniões e divergência de processos, mas abençoada divergência essa! É do choque das ideas que muitas vezes sé geram as melhores indicações para a solução dos problemas nacionais. O que é preciso é haver ideas.