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16 Diário da Câmara dos Deputados

País, e que são roubados por alto preço, ouvindo eu já dizer, que por um se deram 2õ contos de réis.

De longa data que esta campanha contra o Alto Comissário de Angola está mobilizando enormes capitais.

Não é a primeira vez que isto me acontece em campanhas contra mim, e eu sabia, que se tinham roubado documentos nas repartições de finanças da província de Angola.

Na Agência Geral de Angola deu-se por falta de documentos, e no gabinete do Alto Comissário de Angola e gabinete de trabalho roubaram-se outros, a maior parte deles de carácter particular, muitos dôles de carácter íntimo—cartas de família.

Até do quarto da casa em que habito em Angola me foram roubados documentos, uns mais ou menos do carácter geral de serviço público, mas que eram cartas particulares, que em parto foram lidas nesta Câmara pelo Sr. Cunha Leal.

Em 7 ou 8 de Dezembro do 1917 foi, como a Câmara sabe muito bem, assaltada e roubada a minha casa particular na cidade de Lisboa. Rebuscou-se tudo: correspondência íntima e documentos de determinado carácter público.

Tudo que havia, de mais sagrado, como cartas da minha mocidade, muitas escritas por pessoas de minha família estão nas mãos do quem as roubou, como na mãos de quem roubou estas cartas, uma delas dirigida ao Sr. Brito Camacho.

De mais tenho dito. Os que roubaram êsses documentos fazem grande favor do os publicar, porque deles resultará honra e prestígio para o meu nome, porque do meu nome está neles a minha defesa.

Como é impossível que um homem só possa fazer êstes roubos e em tantos lugares diferentes, por isso proferi as palavras «quadrilha de ladrões».

Está explicada a minha frase violenta, mas justo me parece e merecido que o Sr. Cunha Leal explique as referências ontem aqui feitas, só é que proferiu as palavras que foram publicadas.

Vozes: — Muito bem.

O orador foi muito cumprimentado.

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando, nestes termos restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Presidente: — Devendo chegar daqui a meia hora à estação do Rossio, de regresso do Pôrto, o Sr. Presidente da República, nomeio uma deputação composta, além da Mesa, dos Srs. Paulo Menano; Delfim Cosia o Américo Olavo, que irá esperar S. Exa.

Tem a palavra o Sr. Cunha Leal, sôbre a acta.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: pela muita consideração que tenho pela Câmara, vou explicar as minhas palavras que, aliás, de explicação não carecem.

No meio de um àparte o Sr. Norton de Matos, ilustre Deputado, muito exaltado, referiu-se a uma «quadrilha de gatunos» que roubava cartas, e eu, em resposta, e no mesmo tem, referi-me a uma «quadrilha de ladrões» que rouba a Nação.

O que há a explicar nestas duas afirmações?

O que tenho é de documentar e demonstrar; mas como isso mo levaria longe, eu entendo que é melhor reservar isso para a interpelação que vou realizar e que o Sr. Presidente já teve a gentileza de marcar para quarta-feira.

Então farei a demonstração de que existe, porventura, uma quadrilha de ladrões organizada para roubar a Nação. Mais nada a êste respeito. Mas, Sr. Presidente, como eu gosto sempre de falar claro, e como eu, quando quero atacar alguém, sei pronunciar o nome, das pessoas, não me ocultando nunca atrás de subterfúgios, tenho, para descanso da Câmara, de lhe comunicar que não será ela nem nenhum dos seus membros visados pela minha afirmação.

Q Sr. Norton de Matos aludiu a uma questão que eu também, detalhadamente, tratarei quando fizer a minha interpelação— os gastos com a publicidade feita pela província de Angola.

Li já aqui alguns documentos e sôbre êsses documentos lidos o Sr. Norton de Matos bordou como quis, como entendeu, os seus comentários.

Novas verbas gastas nesta matéria serão por mim comunicadas à Câmara na próxima quarta-feira, mas quanto aos documentos já por mim lidos eu quero dar à Câmara a explicação do motivo da minha atitude.

Aludi a essa questão porque estranhei