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14 Diário da Câmara dos Deputados

inglês — hipótese apresentada pelo Sr. Ministro das Colónias.

Eu tenho aqui à disposição de V. Exas. o original e a tradução.

Eu mantenho-me na opinião contrária à do Sr. Ministro das Colónias.

Porquê? Em primeiro lugar, se eu sei inglês, leio e não escrevo; se não sei inglês, encarrego alguém que faça a tradução e não será, portanto, escrita pelo meu punho. Em segundo lugar o confronto dos períodos dos dois textos não dá a conclusão de que o português seja a tradução do texto definitivo inglês, antes faz pensar que na tradução do português para o inglês se fizeram, correcções.

Devo declarar com toda a franqueza que se eu trouxe aqui êste caso foi porque me parece que o Sr. Norton de Matos, — é o que vejo através de todos os seus Discursos e de todas as suas entrevistas aos jornais — assinala à província de Angola um papel diferente daquele que lhe assinala o meu pensamento. Não quere S. Exa. subordinar um pouco que seja os interêsses de Angola aos da Metrópole. Transforma Angola, colónia, com população quási toda flutuante, em qualquer cousa idêntica a um dos domínios ingleses.

A palavra «domínio» aparece sempre nas suas declarações.

Parte da minuta que eu li diz assim:

Leu.

Isto afirmado por um qualquer Lusitanicus, não mereceria grandes reparos, se bem que eu talvez não escrevesse isto para um jornal estrangeiro; mas escrito pelo Alto Comissário só poderá motivar uma absoluta reprovação.

Eu reprovo êsse período, não pelo período em si, mas pela pessoa de quem vem.

Acho absolutamente estranho um semelhante caso. Não fui imprudente em trazê-lo aqui, pois é preciso dizer-se bem alto que a província de Angola é dos portugueses! Ela tem sido feita e regada com sangue de portugueses que lá têm trabalhado, lutando com as agruras do clima -que não é sempre bom.

Quero significar que Angola é muito nossa, e que por nós devem ser convenientemente explorados os seus recursos!

Ainda é muito cedo para se pensar num Brasil, nação, estabelecido em Angola.

Marcar em Angola, iniludìvelmente, a garra da Metrópole 'é um dever nosso!

Não se trata de um domínio!

Apoiados.

Ora a circunstância de eu me ter servido dêsse documento oficial, que outra cousa não é o relatório do auditor fiscal a que S. Exa. disse eu me havia agarrado, só prova o escrúpulo com que me dirijo.

Êste documento é, creio, de Junho de 1922.

Desse relatório recebeu o Sr. Norton de Matos uma cópia, logo no primeiro correio que lhe chegou após a sua apresentação aqui, em Lisboa, ao Sr. Ministro das Colónias.

Tam pouco se importa o Sr. Norton de Inatos com a apreciação que o Sr. Ministro das Colónias possa fazer da sua obra, que estando êsse relatório, como S. Exa. afirmou, cheio de exageros contra a verdade, não teve o cuidado de mandar um ofício para o Ministério com o devido desmentido ao que de falso se continha nesse documento.

A circunstância de se ter calado, dá de alguma forma autenticidade ao documento referido.

Mas disse o Sr. Norton de Matos que o auditor fiscal nunca lhe fez notar as irregularidade, que vem apontar depois de S. Exa. estar na Metrópole.

Em primeiro Alugar ressalta desta declaração a idea do que se passa entre o senhor e os seus escravos. Êstes, na presença do seu senhor, sentem-se incapazes de levantar, sequer, a cabeça, mas, uma vez apanhados longe, e em certa independência, insultam-no e nada se importam de dizer daquele perante quem ainda há pouco tremiam.

A verdade é que no aludido relatório se encontram freqüentes advertências.

Mas em nada importaram essas advertências. Vejamos.

Quem devia fazer o relatório do orçamento? O auditor fiscal. Mas o incumbido disso foi o secretário de finanças.

Fez muito bem o auditor fiscal, que a certa altura parou nos seus trabalhos, porque reconheceu que êles eram inúteis.