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14 Diário da Câmara dos Deputados

uma obra que dignifica a República e continuado a obra do Sr. João Camoesas.

Não podia deixar de dizer estas palavras e espero que a Câmara acolherá bem a escolha.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Almeida Ribeiro: — Sr. Presidente : acabei de ouvir a declaração do Sr. Presidente do Ministério, quanto à recomposição do gabinete a que preside. Em nome dêste lado da Câmara apresento aos novos Ministros as nossas saudações, fazendo votos para que a gerência dos negócios que lhe estão confiados seja produtiva e dignificante para a República.

Sr. Presidente: êste lado da Câmara reconhece a inteira -oportunidade do procedimento do Sr. Presidente do Ministério, desde que êsse grupo literário tomou uma atitude política manifestando a sua divergência com uma deliberação definitiva que a Câmara tomou, e exigindo quási que uma reconsideração na votação efectuada.

Sr. Presidente: êste lado da Câmara faz inteira justiça aos méritos e predicados dos Ministres que saíram, mas faz também inteira justiça às qualidades dos Ministros que,entraram.

São todas pessoas experimentadas na administração pública.

O grupo parlamentar a que tenho a honra de pertencer continua a dar ao Govêrno, com a sua actual composição, o mesmo apoio que tem dado até o presente. Pode S. Exa. contar connosco, como nós contamos com o Govêrno, para a continuação da obra iniciada e que o País exige.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Leal: — Sr. Presidente: antigamente, segundo as velhas praxes, quando a terça parte do Ministério saísse, dava-se a crise total do gabinete. Segundo essas praxes, era o que se devia ter dado agora.

Mas, infelizmente, como tudo atida subvertido, o Sr. Álvaro de Castro não respeitou essas praxes.

E talvez não tenha feito mal, visto que se limitou a seguir o exemplo que lhe foi

deixado pelo seu antecessor o Sr. António Maria da Silva.

O Sr. Álvaro de Castro inventou essa célebre blague política da Seara Nova.

A Seara Nova era um grupo de intelectuais que se propunham resolver determinados problemas da vida nacional com fantasias mais ou menos estranhas e interessantes.

O Sr. Presidente do Ministério lançou mão dêsse grupo para a formação do seu Govêrno; mas os três elementos que lá foi buscar não foram mais do que três autênticas espigas que S. Exa. se viu obrigado a atirar fora.

E tanto se tem falado êstes últimos dias em Seara Nova que eu cheguei a julgar que estávamos hoje em quinta-feira de espiga, quando, afinal, vejo que estou em quinta-feira de compadres. Efectivamente os três novos Ministros são três compadres do Sr. Presidente do Ministério.

Lembro-me de que o Sr. Nuno Simões foi Ministro pela primeira vez comigo. Não posso deixar de evocar esta circunstância no momento em que S. Exa. volta às cadeiras do Poder, para lhe manifestar o meu melhor desejo de que a sua acção se exerça com utilidade para o País e para si.

O Sr. Joaquim Ribeiro, novo Ministro da Agricultura, é uma excelente pessoa a quem desejo as maiores venturas. Simplesmente peço a S. Exa. que desta vez não seja tam mau para a moagem.

Risos.

Quanto ao Sr. Helder Ribeiro, nosso antigo colega nesta Câmara, não compreendo que, sendo S. Exa. uma pessoa que por várias vezes tem ocupado a pasta da Guerra, vaga neste momento, fôsse agora nomeado Ministro da Instrução.

Devem ter existido razões de pêso para uma tam incompreensível decisão.

Mas isso é lá com o Sr. Presidente do Ministério e não connosco, a não ser que o Sr. Helder Ribeiro esteja disposto a declarar guerra à instrução.

Oxalá, emfim, que as qualidades pessoais dos novos Ministros possam contribuir para uma melhor e mais eficaz defesa dos interêsses do país.

É o que lhes deseja o Partido Nacionalista.

Estamos cansados de pugnas políticas.