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Sessão de 28 de Fevereiro de 1924 15

Precisamos de entrar, de vez, num período de tranqüilidade.

Se nesse sentido o Ministério conseguir fazer alguma cousa, nós não temos senão que nos felicitarmos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Carvalho da Silva: — Sr. Presidente: cumprindo gostosamente uma velha praxe parlamentar, apresento aos novos Ministros, em nome dêste lado da Câmara, respeitosos cumprimentos.

Explicou o Sr. Presidente do Ministério à Câmara a razão por que pôs fora do Govêrno os Ministros da Instrução e da Agricultura e a circunstância de o Sr. António Fonseca ter sido substituído pelo Sr. Nuno Simões — circunstância que deve atribuir-se ao facto de o Sr. António Fonseca, empenhado como está em resolver o problema das estradas, desejar ir até Paris estudar o que lá fora se tem feito.

Aceites como boas as explicações do Sr. Presidente do Ministério, eu nada mais teria a dizer sôbre o incidente governamental, se não tivesse de pedir algumas informações aos novos Ministros, especialmente ao Sr. Ministro da Agricultura, cujas medidas infelizes, acerca do regime do pão, são de todos conhecidas.

E tam infelizes foram essas medidas tomadas por S. Exa., a quando da última vez que esteve no Poder, que o seu nome devia ter sido agora o menos indicado para a gerência dessa pasta.

O país não esquece que foi devido às medidas tomadas pelo Sr. Joaquim Ribeiro que o pão encareceu e a moagem auferiu fabulosos lucros.

Tinha o Sr. Joaquim Ribeiro a suposição de que a moagem cumpriria aquilo a que se havia comprometido.

Segundo se diz em documento público, a moagem havia-se comprometido com S. Exa., a, que o diagrama de extracção fôsse de 77.

Não é êste porém o diagrama que a moagem tem adoptado, como se vê pela qualidade do pão.

Segundo informações que tenho, a moagem tem feito um diagrama superior que talvez vá além de 80.

A moagem declarou que não iria cobrar uma taxa superior, sem que as circunstâncias se tivessem modificado.

Se a moagem — como se verifica — tivesse comprado o trigo mais barato — e comprou — resultaria uma deminuição de taxas.

Mas não sucedeu assim, porque havia um aumento.

Pelos números que citei, demonstra-se que a legislação do Sr. Joaquim Ribeiro foi errada, traindo por completo a sinceridade das intenções de S. Exa.; e demonstra-se também a necessidade imediata de o Govêrno esclarecer o Parlamento, apresentando uma proposta de lei que estabeleça um diagrama de extracção fixo.

É preciso acabar com os lucros escandalosos da moagem, auferidos à custa do sacrifício de todos e da miséria do povo.

Não há apenas êstes lucros, há outros, que são verdadeiros roubos.

A moagem tem também padarias suas onde vende o pão ao público escandalosamente roubado no peso.

Em média, êsse roubo é de 25 por cento; e assim aos lucros extraordinários da moagem, junta os lucros dos roubos da sua panificação!

O roubo não é feito pelos caixeiros, é pela própria moagem, que, sabendo do roubo, aumenta o preço da farinha, para que o produto dêsse roubo entre nos seus cofres!

Entre o preço do pão e o roubo no pêso a moagem ganha mais de $90 em quilograma!

Êste Govêrno, que tal roubalheira consente, é um inimigo do povo, e como tal devem ser considerados aqueles que o apoiam.

Eu desejava que o Sr. Ministro da Agricultura dissesse qual é a sua opinião acerca da moagem.

E ninguém há com mais autoridade para fazer esta pregunta, porque sou o primeiro a fazer justiça às intenções de S. Exa.

Outro ponto vou tratar, certo de que o Sr. Ministro me vai dar razão: é o que se refere ao decreto sôbre diferenciais, pelo qual a moagem devia ter pago ao Estado uma elevada soma.

Certo é que êste nada recebeu.

Desejava também que o Sr. Ministro da Agricultura fizesse o favor de dizer — não por mim, que já estou certo da rés-