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18 Diário da Câmara dos Deputados

missário, mas parece que sim. Pelo menos o Sr. Ministro das Colónias o diz, como representante, conhecendo Intimamente a acção do Alto Comissário.

É contra a ditadura, campeão da lei no Alto Comissariado de Angola que a tem cumprido.

Vejamos agora lá fora.

Numa entrevista no jornal belga Lê Matin Belge, o Deputado Norton de Matos diz o que vou ler, para o que chamo a atenção da Câmara porque é interessante.

Desprezo às leis, e amor à ditadura!

Mr. Chalux numa crónica de Angola para o mesmo jornal, começa por traçar o perfil do Alto Comissário, dizendo o seguinte:

«Rosto de procônsul romano! Rei dos caminhos de ferro, do trigo, e do petróleo»!

Vamos a ver o que diz lá fora aquele paladino das leis, e o que diz cá dentro.

Ave César! Cá está o ditador novamente.

Mas César, quando quis atravessar o Robicon que o Senado romano havia declarado intransponível, sob pena de traição à pátria, de ser votado aos deuses infernais quem se aventurasse a tal, hesitou, e só no arranco supremo passou à outra margem, proferindo a célebre frase: « Alea jacta est».

O Alto Comissário, porém, não precisou hesitar muito, e saltou por cima da Constituição e das leis; quando exclamou: «Je fais des lois. Quand... ça ne va pas, je les demande ou je les defaie»!

Êste Parlamento ouvia aqui estas mesmas palavras, quando S. Exa. disse que não sabia proceder de outra maneira, e em vez de proceder como o Senado romano votando-o aos deuses infernais, aplaudiu o ditador calorosamente.

Isto faz lembrar aquela questão das cousas, que estiveram três anos à espera de transporte!

Eu peço ao Sr. Alto Comissário que deixe lá estar essas, cousas, mas com a condição de lhes dar andamento rápido.

Eu sou um adversário político do Sr. Alto Comissário, mas reconheço em S. Exa. qualidades de organizador e de iniciativa, mas S. Exa. tem o defeito das suas qualidades; a sua obra é digna de elogio e aplauso, mas S. Exa. é o responsável da

maneira como essa obra foi realizada e nunca mais S. Exa. pode penitenciar-se dos seus erros e das suas faltas.

Não vou analisar detalhadamente o tremendo libelo aqui apresentado pelo Sr. Cunha Leal, nem o preciso fazer porque todas as acusações são verdadeiramente aterradoras e esmagam o Alto Comissário e para elas só há uma solução, que é uma rigorosa sindicância.

Confesso desde já que nela não tenho esperança nem confiança.

O Sr. Cunha Leal (em àparte): — Uma das testemunhas sou eu!

O Orador: — Quanto aos elogios pagos, eu não tiro conclusões sôbre se êles eram dirigidos ao Alto Comissário ou à sua obra.

O que eu digo é que se o Sr. Norton de Matos tivesse a consciência do sou valor e dos bons resultados da sua obra, não consentiria que se pagasse sequer uma linha de elogios.

Quereria que a sua obra se impusesse por si mesma e então a imprensa teria por certo o cuidado de a pôr em relevo de motu-próprio.

O Sr. Alto Comissário sentirá de futuro as conseqüências de ter consentido que se pagassem artigos de elogio à sua pessoa e à sua obra.

Amanhã se, porventura, nos jornais se fizer a publicação de um artigo que corresponda a qualquer facto ocorrido em Angola que mereça os nossos louvores, já todos farão a sua leitura sob reserva, pensando que se trate de mais elogios pagos.

Mas, isto veio apenas por incidente porque não quero alongar-me em considerações.

Sr. Presidente: o Sr. Cunha Leal disse e repetiu no seu brilhante discurso, em àparte, que sabia muito mais, mas só o diria se fôsse provocado ou se o Sr. Alto Comissário de Angola o levasse para outro campo, e, Sr. Presidente, em lugar de vermos a maioria e nomeadamente o Sr.-Alto Comissário de Angola levantar-se imediatamente e reclamar que se dissesse tudo, como costuma fazer quem nada teme, assistimos a êste espectáculo estranho de, a êste repto do Sr. Cunha Leal feito desassombradamente, se corresponder com