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Sessão de 12 de Março de 1924 11

fera não é tam carregada que a não possamos respirar, e, quanto maior fôr o número de pessoas honradas a respirar essa atmosfera, mais fàcilmente a tornarão purificada e respirável.

O Sr. Fausto de Figueiredo, efectivamente, não conseguia realizar uma grande parte dos seus propósitos; mas as circunstâncias nem sempre permitem que os homens públicos consigam realizar as suas aspirações; e daí a dizer-se que a obra dêsses homens não seja útil vai uma grande distância.

Todos estamos habituados à colaboração patriótica de S. Exa. e sabemos muito bem que a sua obra não foi inútil.

O Sr. Fausto de Figueiredo, homem de acção, na sua ânsia de realizar, na sua fé de conseguir uma obra concreta, queixa-se-nos de não a ter efectivado; mas S. Exa. deve contentar-se em ver realizada uma parte da sua obra-As circunstâncias não permitem que os homens possam realizar com as suas qualidades uma obra completa.

S. Exa. tem qualidades, possui prestígio; trabalhou nesta Câmara, e vejo com muita mágoa a resolução que S. Exa. tomou.

Quanto à sua obra na Assistência Pública, ela é digna de todo o elogio.

Durante o pouco tempo, que ali esteve realizou uma obra de justiça que imprimiu a todos os seus actos.

Associo-me por isso às palavras proferidas pelo Sr. Almeida Ribeiro, esperando que a resolução de S. Exa. não seja levada a efeito.

Oxalá as démarches a que a Câmara vai proceder demovam o Sr. Fausto de Figueiredo.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pedro Pita: — Sr. Presidente: o Sr. Fausto de Figueiredo numa carta que enviou para a Mesa é possivelmente quem inicia da parte daqueles que estão na política a marcha de retirada (Apoiados) que os acontecimentos talvez imponham.

Apoiados.

Sr. Presidente: é necessário na verdade uma resistência especial para aceitar sem revolta e sem repudiar a campanha de calúnia, a atmosfera de suspeição que se cria à roda dos políticos.

De facto o país atravessa um momento difícil, e a culpa é dos políticos. Há dificuldade em resolver o problema devido à carestia da Arida, e a culpa é dos políticos.

Esta culpa que assim se dilui por todos os políticos, não tem ainda a gravidade que tem as acusações de carácter pessoal, que têm as calúnias que se lhes assacam, e se propalam em roda dos políticos.

O político é uma pessoa que não tem o direito de possuir um vintém. (Apoiados). É uma pessoa que se anda bem posta, é porque o dinheiro lhe advém de processos ilícitos. Se anda mal pôsto, com os cotovelos rotos, é porque gasta o dinheiro indevidamente.

É esta a atmosfera que se cria em roda dos políticos.

Deve-se isto à política de certa imprensa.

Apoiados.

É ela que cria esta atmosfera em volta dos políticos e que dá curso à calúnia. E é assim que o povo se deixa encaminhar pela opinião duma corta imprensa.

Apoiados.

O Sr. Fausto de Figueiredo, cuja obra é formidável, se tem tido lucros pessoais, muito tem contribuído para o bem da colectividade.

No momento em que o Sr. Fausto de Figueiredo enviou uma carta a esta Câmara, carta em que se despede do -Parlamento, ficaria mal comigo mesmo se não proferisse as palavras que acabo de proferir, sentindo como sinto a atitude de S. Exa.

Sr. Presidente: é fácil ver entre aqueles mesmos que são nossos companheiros nesta Câmara alguns que foram visados por essa campanha de suspeições. Quantos há que têm sido tocados, e ainda agora vamos pode dizer-se no começo.

É absolutamente necessário que só tome a atitude de repúdio, enfrentando essa campanha.

Não acho por isso bem, não acho justa a renúncia do Sr. Fausto de Figueiredo.

Há espíritos que não estão habituados a luta de certa espécie e sentem a necessidade de desaparecer para que os deixem em paz. Parecerá esta a atitude do Sr. Fausto de Figueiredo.