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Sessão, de 13 de Maio de 1924 9

que vive nesta torra, para se saber de onde lhe vem o dinheiro com que enxovalha os trabalhadores da causa republicana.

Por mais êste motivo de ordem genérica que se adapta ao sentir da proposta do Sr. João Camoesas, eu dou o meu voto aprovativo a essa sua proposta.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Francisco Cruz: — O gesto do meu ilustre colega nesta Câmara e adversário político, Sr. João Camoesas, é um grito de protesto da sua alma nobre, O lacto de ser S. Exa. meu adversário político não constituí embargo a reconhecer em S. Exa. uma pessoa cheia de isenção e detentora de um lídimo carácter.

Mas entre o seu gesto e a circunstância de eu concordar com êle vai uma grande distância.

Eu vejo o problema sob outro aspecto. Nunca tive o hábito de dizer mal dos outros nem de apoucar a inteligência seja de quem fôr.

Dói-me a alma sempre que tenho de referir-me a assuntos que de perto ou de longe possam colidir com a honorabilidade de qualquer pessoa. Mas eu tenho de agir no meio em que vivo e, assim, apreciando os homens e os acontecimentos eu sou levado a discordar da proposta do Sr. João Camoesas e a aproveitar o ensejo de estar com a palavra para enviar para a Mesa uma proposta em que afirmo o meu modo de sentir como republicano, português e parlamentar.

Mando pois essa proposta para a Mesa. É concebida nos seguintes termos:

A Câmara resolve que aqueles dos seus membros que porventura foram remetidos ao poder judicial ou estejam submetidos a sindicâncias não possam continuar a tomar parte nos trabalhos parlamentares emquanto não fôr provada n sua inculpabilidade.

Sala das Sessões, 13 de Maio de 1924.— Francisco Cruz.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. João Camoesas (para explicações): — Sr. Presidente: agradeço a todos os Srs. Deputados que a mim se referiram as palavras que quiseram proferir a meu respeito. Lamento, porém, profundamente, que não me tivesse feito compreender.

Eu não vim pedir à Câmara que fizesse uma discussão sôbre o meu passado, nem que me dêsse um atestado de bom comportamento moral.

Porque apenas sou parlamentar, vim pedir à Câmara que me fôsse consentido fazer aquilo que fazem os funcionários de qualquer serviço do Estado, quando, porventura, sentem necessidade disso.

Fazem-me todos a justiça de acreditar que não trouxe aqui a proposta como uma questão de carácter pessoal ou para provocar discussões elogiosas a meu respeito.

Dos sentimentos dos meus colegas para comigo não tenho dúvidas.

O que necessito, é que um jacto de luz incida sôbre mim, para que o País veja a minha vida sem nenhuma sombra.

Por sectarismo, ou seja porque, fôr há a opinião geral de que os políticos são pessoas indesejáveis, e assim êles encontram-se numa situação de não poderem exercer eficazmente a acção de direcção social que lhes compete.

Não se trata dum podido de julgamento da Câmara; trata-se dum pedido para que se permita que os tribunais competentes se, porventura, tiverem de pronunciar-se, sé pronunciem sôbre actos, porventura, menos morais ou menos legais, que o parlamentar haja praticado.

Nesta ordem de ideas, Sr. Presidente, eu mantenho a minha proposta, desejando que todos os Srs. Deputados, a votem, não somente no interêsse da pessoa que a apresentou, mas sim de toda a Câmara.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carlos Pereira: — Sr. Presidente: pedi a palavra para declarar à Câmara que se tivesse a certeza de que o juiz encarregado do sindicar os actos do Sr. João Camoesas procederia a essa sindicância com a máxima rapidez, diria o meu voto à proposta.

Aproveito, porém, êste momento para lembrar à Câmara que, por vezes, alguns doa seus membros sujeitos a sindicâncias, pedidas, por êles próprios, vêem arrastar-