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14 Diário da Câmara dos Deputados

postas que V. Exa. e a. Câmara bem conhecem, que não chegaram todas, felizmente, a ser lei do País, mas que, em todo o caso, alguma cousa de mau foram produzindo, porque, com a transigência da Câmara, ainda uma ou outra chegou a ser lei do País.

Emfim, com Ministros das Finanças saídos quási que exclusivamente do Partido Democrático, nós chegámos à situação actual.

O Partido Democrático, numa solidariedade que lhe fica muito bem em face da incompetência da quási totalidade dos seus homens que transitaram pelas finanças, persistiu e teimou em não reconhecer essa incompetência e em apregoar aos quatro ventos que era o Parlamento o único culpado da acção inútil dos seus homens públicos.

Reconheço, constato o afirmo aqui que um ou outro, com lampejos de inteligência e com uma orientação que talvez se amoldasse à situação do momento, teria transitado pela pasta das Finanças, o até mesmo do Partido Democrático.

Era, porém, a breve trecho envolvido nas teias de uma política barata, no torvelinho de uma intrigalhada que tem sido desde há bastante tempo o elemento predominante das fileiras do Partido Democrático, onde também há muito a incompetência prevalece.

Cousas são estas que respeitam a um agrupamento político diferente daquele em que me encontro, o que equivale a dizer que são cousas do casa alheia, mas das quais nós, políticos da República, nos não podemos desinteressar.

O Govêrno do Sr. Álvaro de Castro foi chamado a assumir as funções que ainda hoje detém numa situação realmente melindrosa.

As finanças do País não se encontravam bem e o respectivo Ministro ia, com certeza, ver-se a braços com uma tarefa árdua, dificílima, que estaria guardada para quem tivesse um treino largo em assuntos de ordem financeira, para quem tivesse conhecimentos profundos das matérias e dos assuntos respeitantes à parte da Fazenda Pública.

O que é verdade e convém frisar, Sr. Presidente, é que a breve trecho da constituição do actual Ministério se evidenciou que a maioria democrática se en-

contrava disposta a auxiliar o Govêrno, e tam disposta a isso.se achava que, sempre que aqui apareceu qualquer Ministro ou o Sr. Presidente do Ministério a solicitar quaisquer autorizações, essas autorizações não foram negadas, dando sempre a maioria democrática o seu assentimento aos pontos de vista ministeriais. Pode-se até dizer que êste Govêrno tem sido tratado pela maioria democrática com mais carinho do que governos retintamente partidários, inteiramente democráticos.

Desta forma se demonstra que o Partido Democrático vê bem a situação, possivelmente em homenagem aos interêsses da Pátria, vistos pelo prisma por que êles, os Deputados daquele lado da Câmara, os encaram. Em todo o caso, apesar de tudo isso — e eu muito desejaria constatar o contrário á nossa situação económica e financeira não vem melhorado com as medidas adoptadas pelo Govêrno.

Tenho notado dia a dia que os clamores surgem de toda a parte do País, e que êsses clamores n tingem nina agudeza tal que se não limitam a ser dirigidos aos homens do Poder, mas vão mais além e transformam-se em reacções contra o regime, como se o regime tivesse culpa da maneira como muitas vezes os homens se conduzem no desempenho das suas funções.

Mas o Partido Democrático acha bem que a vida continue cada vez mais cara e que a libra vá sucessivamente encarecendo.

O Sr. Jaime de Sousa: — V. Exas. fazem o mal é a caramunha!

O Orador: — São V. Exas., que constituem o Partido Democrático, os únicos responsáveis da situação angustiosa em que o País se encontra e se um dia vier contra o Parlamento a populaça, será justo que V. Exas. sejam apontados à execreção pública!

O Sr. Tavares de Carvalho: — V. Exa. esquece-se de que esteve bastante anos connosco:

O Orador: — Estive, com efeito, e aceitei até o lugar de governador civil de um distrito; mas a acção que lá desenvolvi