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20 Diário da Câmara dos Deputados

da, embora com o pequenino defeito que certamente lhe ficou dos seus tempos de estudante aplicado — de urso, como então se denominavam em Coimbra os estudantes aplicados — de possuir uma psicologia de aluno distinto, sempre dado a copiosas demonstrações, S. Exa. repito, que é uma pessoa ilustrada, deve saber que o progresso de um Estado está sempre dependente do progresso individual.

E não ignorando S. Exa. esta circunstância — como certamente não ignora — eu soa levado a crer que S. Exa. ou deseja matar as galinhas dos ovos de ouro, ou pretende, simplesmente, produzir uma obra para épater le bourgeois, para aterrar o indígena como muito bem traduziu o nosso Eça.

O progresso do Estado!

Mas quem, nesta Câmara, não deseja o progresso do Estado?

Todos desejamos êsse progresso; o Partido Nacionalista deseja-o vivamente.

O Sr. Velhinho Correia não foi. pois, muito feliz no àparte que fez ao Sr. Alberto Jordão.

De modo que o que se diz são palavras que o vento leva; mas o que é certo também é que essas cousas são contra o prestígio da República.

Nós estamos todos aqui para promover o bem do Estado e do povo, e por isso se quis discutir esta questão, que era anexa ao parecer que estava em discussão; mas no parecer, nas suas páginas, não se encontra nada de interessante, o que certamente se deve a um lapso.

Assim, o Sr. Ferreira de Mira com as suas palavras de conciliação, conseguiu repor as cousas no seu lugar e fazer com que se discutisse êste projecto.

O projecto tem um relatório longo, e para êle eu desejo chamar a atenção da Câmara.

O seu relator. Sr. Velhinho Correia, tem a impressão de que o país tem muita riqueza, e tem sustentado essa idea já em vários trabalhos. Mas isso é um êrro, e nesse êrro baseou o Sr. Velhinho Correia todo o seu critério.

O Sr. Velhinho Correia anda fora da realidade das cousas. As pessoas como S. Exa. são terríveis, porque se colocam foram dos mundos reais e desconhecem as verdadeiras realidades, adoptando por isso critérios falsos.

S. Exa. vive em Lisboa, longe dos campos e dos contribuintes, e, assim, tem uma noção errada da verdadeira situação rústica do país.

Àparte do Sr. Velhinho Correia.

O Orador: — Esses trabalhadores rurais não pagam nada para o Estado, estão acima das actualizações que se querem impor. Não é a êsses que nos devemos referir.

Na minha região os trabalhadores estão ganhando quarenta vezes e meia o que ganhavam antes da guerra.

O câmbio, apesar mesmo das promessas feitas, ainda não chegou a quarenta vezes.

É possível que chegue a quarenta vezes, porque estão a pagar-se salários a 25$, preparando-se os trabalhadores, segundo se diz, para pedir 30$.

O Estado está realmente pobre. Atesta a sua pobreza nas estradas; aí manifesta a sua miséria.

Não sei se o Sr. Velhinho Correia tem viajado pelo país. No centro do país sucede que há estradas que com mais dois anos estão manifestamente intransitáveis. De maneira que o êrro do Sr. Velhinho Correia é um êrro de observação.

O Estado está pobre. O comércio está pobre.

Se a varinha de condão de S. Exa. trouxesse o câmbio para 85 por exemplo, o que era uma cousa que nos apavorava, V. Exa. teria um krack geral do comércio.

O assunto não pode ser visto apenas sob o aspecto rigorosamente fiscal; mas é preciso ter um critério para ver a questão no seu conjunto perfeito, para fazer alguma cousa que possa perdurar, e não sirva apenas para apresentar um orçamento equilibrado.

Se V. Exa. tiver em consideração o facto verá que o orçamento está desequilibradíssimo porque a vida está cara, os materiais custam caros e há necessidade de se servirem deles, porque, senão, acontece o que está acontecendo aos interêsses financeiros do Estado, que foi abrir créditos especiais.

Assim, de que vale estar a cortar a torto o a direito para fazer uma plataforma que a ninguém ilude? Depois vem à votação um crédito especial para isto e