O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

20 Diário da Câmara dos Deputados

Não quero que lá fora se julgue o Govêrno, que tem na pasta da Guerra aquele oficial cuja biografia, compatível com os meus recursos, fiz há dias nesta Câmara. que só bateu valorosamente nos campos da Flandres, aquele que sabe como poucos avaliar os sacrifícios dos que, como os aviadores, expõem muitas vezes a sua vida, não quero que lá fora, repito, se suponha que Américo Olavo é qualquer pessoa que tenha sentimentos diferentes dos daqueles que lamentam o que se está passando.

Não, Sr. Presidente, o Sr. Ministro da Guerra é uma pessoa realmente pouco política com.o deviam ser todas as pessoas que ocupassem a pasta da Guerra.

O Ministro da Guerra actual devia ter surgido naquele lugar há uns anos a esta parte. Quando uma sociedade se vê na iminência de votar leis de excepção para conter em respeito os rebeldes, aqueles que perturbam a sociedade portuguesa; quando aparece um Ministro da Guerra que quere arrumar a casa, impondo a disciplina, o cumprimento de leis e regulamentos, não há o direito do fazer especulações políticas.

Vejo Sr. Presidente, e digo-o bem alto, que esta questão é, pura o simplesmente, política e destinada a justificar a opinião daqueles que entendem que as oposições devem ser mais rigorosas, para se não confundirem com as maiorias.

Esta é a situação. Caiba a quem de direito a responsabilidade dos factos que venham a dar-se.

Se entrei no debato foi, única e simplesmente, para fazer justiça, não só ao Sr. Presidente do Ministério, como ao Sr. Ministro da Guerra, porque os julgo incapazes de praticar actos que não correspondam à sua maneira de pensar.

Falo nesta assemblea e para o País, para que assim se fique sabendo qual a minha maneira do pensar.

Devo dizer que estou inteiramente ao lado do Govêrno, por isso que entendo que é absolutamente necessário manter a disciplina e a ordem na sociedade portuguesa; sem elas não se pode viver, e eu, que tenho um filho ainda criança, desejo que êle seja honrado, deixando-lhe, ao mesmo tempo, uma Pátria honrada.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Está esgotada a inscrição sôbre este assunto. Como, porém, o Sr. Paiva Gomes deseja também usar da palavra, consulto a Câmara sôbre se permite que S. Exa. fale.

Vozes: — Fale, fale.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Paiva Gomes.

O Sr. Paiva Gomes: — Sr. Presidente: se bem que não ocupe situações adentro do partido a que pertenço, entro no debate, por isso que me pediram que o fizesse, e para expor a minha maneira de ver.

Não pretendo agradar a ninguém; todavia não posso deixar de dizer que ontem, ao encerrar-se a sessão, vi com surpresa, e até com desgosto, as observações feitas pelo Sr. João Camoesas, meu correligionário e querido amigo, sôbre a chamada questão dos aviadores.

Foi com surpresa, repito, que assisti a êsse final de sessão. Se é certo que adentro de um partido não pode haver aquela disciplina rigorosa que nos obriga a calar, não é menos certo que em casos desta natureza não é demais deixarmos para melhor oportunidade as palavras que desejamos proferir.

Como não bastasse o que o meu amigo Sr. João Camoesas estava dizendo, veio em reforço o Sr. Moura Pinto, mas por uma forma mais avançada, mais arrojada, mais subtil, como é próprio do seu espírito, e eu tive de interromper S. Exa. para lhe dizer que o Sr. João Camoesas falava em seu nome individual.

O Sr. Moura Pinto convidou o Govêrno a suspender os seus actos até o Parlamento se pronunciar.

Veja a Câmara quanto o Sr. Moura Pinto estava laborando num êrro.

O Sr. Moura Pinto: — Eu disse que a maioria é que tinha êsse desejo.

O Sr: João Camoesas: — Eu disse que falava em meu nome e não como Deputado da maioria.

O Orador: — Emfim; estas palavras, que não foram de censura, mas para justificar a minha surpresa e o meu desgosto, são inteiramente cabidas, como a Câ-