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Diário da Câmara dos Deyiutad'o$

£ Porque se não esperou para publicar conjuntamente os dois decretos?

£ Porque se publica agora êste decreto, estabelecendo desigualdades entre estrangeiros residentes fora de Portugal e os portugueses ?

Evidentemente muitas das pessoas que concorrem à baixa da cotação teriam ocasião de levar para Londres os seus títulos apresentando-os como sendo de um inglês residente em Inglaterra. Assim comprariam baixo .e receberiam o juro em ouro.

Mas há mais.

Em 17 de Março publicou-se um outro decreto relativo ao empréstimo dos tabacos.

Nesse decreto estabelece-se o pagamento dos juros e amortização em francos, mas nada se diz quanto a nacionais e estrangeiros não residentes em Portugal-

Nestas condições, provocou-se nas bolsas de Paris e Londres a baixa dêsses títulos.

Bem pode ter sucedido que determinados sindicatos se tenham formado para a aquisição de largos slocks dos mesmos títulos, aquisição feita na baixa, para depois vender os títulos à sombra da diferença de tratamento entre nacionais o estrangeiros não residentes em Portugal, realizando assim um negócio de muitos milhares de contos, negócio semelhante a tantos outros que na República se têm feito à custa da pequena economia particular. '

Sr. Presidente: todas estas razões do ordem material e moral impõem à Câmara o repúdio desta malfadado decreto e a aprovação da proposta do Sr. Barros Queiroz com o. aditamento que vamos mandar para a Mesa.

Quando um devedor não paga aos seus credores, mas nem por isso deixa de levar uma; vida de ostentação. diz-se que êsse dovodor não tem vergonha. É o caso da República em Portugal...

O Sr. Velhinho Correia: — É o caso da monarquia!

ser para o Sr. Velhinho Correia pessoa insnspeita— afirmou um dia nesta Câmara que havia milhares de funcionários que nem sequer tiuham carteira onde trabalhassem.

É o caso da República que criou as Escolas Primárias Superiores, onde há bibliotecários sem bibliotecas, jardineiros sem jardins e professores sem alunos.

É o caso da República, regime onde abundam — segundo a opinião ainda mais insuspeita do próprio Sr. Velhinho Correia, exposta quando da discussão da proposta dos Transportes Marítimos— os roubos e os escândalos...

O Sr. Velhinho Correia: — Isso não é ''exacto.

Eu nunca fiz tal afirmação.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Quanto aos funcionários é possível que o Sr. Velhinho Correia tenha razão. Efectivamente não há funcionários a mais porque foram criados os respectivos lugares,

O Sr. Velhinho Correia: — Língua i O que V. Exas. têm é muita língua.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — V. Exa. é que tem muita. Tanta que foi por causa dela que V. Exa. foi. corrido do Govêrno do Sr. António Maria da Silva.

O Orador: — O que há é uma grande ausência de sensibilidade moral, porque, se não a houvesse, já há muito que o País se tinha levantado como um só homem para pôr tôrmo aos escândalos da República.

O Sr. Velhinho Correia: uma especulação. .

Tudo isso é

O Orador: — E o caso da República que tem ao seu serviço milhares de funcionários de que não precisa. '

Já o Sr. Barros Queiroz — que deve

O Orador:-7-Já li à Câmara, há dias. o iselatório apresentado a esta casa do Parlamento pelo Sr. Portugal Durão, então Ministro das Finanças. Por êle se. vê que a diferença das despesas com pessoal entre os anos do 1914 e 1923, sem entrar em. linha de conta com as subvenções, é de 90:000 contos.

E isto especulação?

Sr. Presidente: com o empréstimo «rá-cico» o Estado realiza uma economia de 12:722 contos.