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8 Diário da Câmara dos Deputados

norizadamente do que eu, se encarregou de demonstrar que a razão estava do meu lado (apoiado).

O facto de eu não ter pedido a palavra para explicações para pôr em evidência a sem razão de S. Exa. deriva tam somente dum velho hábito meu de não voltar; em tais condições, a tratar dos assuntos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva (sôbre a acta): — Sr. Presidente: com espanto de toda a gente assistimos ontem ao espectáculo nunca visto de os Ministros votarem uma moção de confiança ao Govêrno. Essa moção foi aprovada por uma maioria de nove votos, alguns dos quais foram acompanhados de declaração.

Julgo que seria interessante conhecer-se o teor dessas declarações para avaliar da maioria que, de facto, apoia o Govêrno.

O Sr. Presidente: — As declarações enviadas para a Mesa foram quatro e são as seguintes:

Lê.

O Sr. Lopes Cardoso: — Mas os votos dos Ministros foram contados? Consta da acta que a moção foi aprovada?

O Sr. Presidente: — A moção foi aprovada. Votaram efectivamente alguns ministros, mas fizeram-no como deputados e não como Ministros.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: pedi a palavra para esclarecer o ilustre Deputado Sr. Lopes Cardoso.

Devo dizer a V. Exa. que o Ministério, muito especialmente o Ministro das Finanças, não pôs sôbre o caso que ontem aqui se ventilou a questão de confiança.

Não se tratou duma questão política sôbre a qual tivesse de haver a questão de confiança, entanto assim que não me levantei para dizer qualquer cousa sôbre as moções que estavam sôbre a Mesa.

A Câmara votou a moção que entendeu, tendo-a eu também votado como Deputado, visto não ter sido posta a questão de confiança.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Cancela de Abreu: — V. Exa. não

pôs a questão de confiança por isso que sabia que apanhava um cheque.

O Sr. Presidente: — Não havendo mais ninguém inscrito sôbre a acta, considero-a aprovada.

Foi aprovada a acta.

O Sr. Lopes Cardoso: — Sr. Presidente: é preciso que todos se convençam de que nós não estamos aqui par,a perturbar a ordem dos trabalhos.

Não apoiados da maioria.

A Câmara está vendo que estas poucas palavras são motivo para a maioria pretender evitar que eu diga aquilo que penso.

Disse, Sr. Presidente, o Sr. Presidente do Ministério que sôbre a questão de ontem não pôs a questão de confiança.

Eu pregunto, Sr. Presidente, se nós estamos aqui para nos iludirmos com palavras uns aos outros e igualmente o país.

Não se compreende que a Câmara tivesse votado uma moção de confiança ao Govêrno, tendo votado vinte e quatro horas antes, com urgência e dispensa do Regimento, um requerimento para que fôsse discutido um projecto que inteiramente anulava êsse decreto.

O Govêrno, Sr. Presidente, não podia, nem devia, de forma alguma, ter votado, pois a verdade é que o que se fez foi uma verdadeira especulação.

Apoiados.

Posso dizer, Sr. Presidente, sem receio de ser desmentido, que isto é um facto único nos anais parlamentares.

A verdade é que nunca se viu um Govêrno ter a coragem de estar aqui para aprovar uma moção de confiança a si próprio.

Sr. Presidente: estas minhas poucas palavras eram precisas. E assim, ditas como estão, e não desejando, por qualquer forma, perturbar o bom andamento dos trabalhos desta Câmara, termino por aqui ás minhas considerações.

O orador não reviu.