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Sessão de 17 de Junho de 1924 13

exército e agrónomos ou agricultores competentes, como alguns que conheço.

Desde que nas comissões não haja pelo menos um agrónomo ou agricultor diplomado que tenha mostrado a sua competência — porque, há muitos que se dedicam a outras especialidades — nada se poderá fazer de útil.

O outro ponto para que quero chamar a atenção da Câmara é o que respeita ao pessoal das repartições de finanças.

Infelizmente, é êste um dos assuntos suais melindrosos e difíceis de resolver. O pessoal das repartições de finanças, entre o qual há funcionários muito distintos, muito probos, e trabalhadores, precisa também de ser muito competente e não se deixar vencer por êsse vírus político que geralmente predomina nas terras pequenas.

Sr. Presidente: vou terminar as milhas considerações, lembrando ao Sr. Relator um facto que se dá muitas vezes em agricultura.

Não sei se S. Exa. se tem dedicado à agricultura ou se conhece os costumes das abelhas, mesmo que não tenha lido as páginas admiráveis de Maeterlink ou Michelet. Pedia, pois, a S. Exa. para reparar no trabalho maravilhoso das abe»lhas — se não o conhece.

Há entre elas uma excelente divisão do trabalho; não há ociosidade nas colmeias; - as bocas inúteis — os zangãos — são implacavelmente suprimidos. Em resumo: cada colmeia é, para assim dizer, uma pequeníssima república, muito bem organizada o administrada e que tantos ensinamentos podia dar às republicas dos homens... Contudo, é necessário tratá-las com todo o cuidado. Supondo que o Estado é o apicultor e os contribuintes são as abelhas, vivendo nas suas colmeias, direi a S. Exa. que êle não pode tirar-lhes todo o mel que produzem, porque é necessário deixar-lhes algum para elas se alimentarem, especialmente no inverno. Se S. Exa., como apicultor, tirar todo o mel da colheita, fica muito satisfeito com isso, libando o precioso néctar e pensando que para o ano seguinte tem lá a mesma quantidade dele ou até mais, mas o que sucede é que, se não deixar o indispensável para as abelhas invernarem, isto é, se crestar demais, em lugar de encontrar vinte colmeias, por exemplo, encontra vinte casas vasias.

Aproveitando uma frase que ontem ouvi aqui ao Sr. Ministro das Finanças, afirmando que era tam fácil mandar fazer um cadastro como era fácil mandar fazer um casaco ao alfaiate, direi, para finalizar, que o alfaiate, neste caso, seria o Sr. Velhinho Correia; mas lembro a S. Exa. que o casaco fica muito apertado à agricultura; e tam apertado que ela não poderá mexer os braços!

Apoiados.

Tenho dito.

O Sr. Rodrigues Gaspar (para interrogar a Mesa): — Sr. Presidente: desejava que V. Exa. me informasse se tem conhecimento de que o Sr. Ministro dos Estrangeiros venha hoje à Câmara.

O Sr; Presidente: — S. Exa. disse que sim, após lhe ter sido comunicado o desejo de V. Exa. falar na sua presença.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: como se trata apenas de responder na generalidade, pronunciar-me hei somente sôbre a oportunidade e necessidade, no seu conjunto, da proposta de lei em discussão. Explicarei ao mesmo tempo a razão da proposta que aumenta os adicionais dos impostos, declarando desde já que, se ela não joga com as disposições da outra proposta, é porque foi feita anteriormente e unicamente para atender às reclamações do funcionalismo público sôbre os seus vencimentos.

Devo dizer, que se esta proposta não fôr aprovada, embora com as emendas que a Câmara entender, não será possível em Julho acudir à situação do funcionalismo.

Com respeito à parte da generalidade da proposta, foi aqui discutida a impossibilidade de ela evitar as desigualdades que se manifestam.

Ora, esta proposta é simplesmente de ocasião, e não tem outro objectivo que não seja obter uma elevação de receitas, absolutamente necessária para o Estado poder vencer as dificuldades em que se encontra.

De resto, as desigualdades que se manifestam já vêm de muito longe, e a Câmara já podia ter obviado a êsse incon-