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16 Diário da Câmara dos Deputados

feita por alguém insuspeito. Trata-se do uma carta dirigida em 25 de Novembro de 1891 por Antero de Quental a um seu amigo, a quem felicitava por determinada publicação. Disse o grande poeta e pensador:

«Não o acompanho nas esperanças revolucionárias que diviso nalguns períodos da sua carta. Em Portugal não pode haver revolução que mereça êste nome, porque revolução pressupõe propósito, firmeza e fôrça moral, o que aqui não há Portugal é um país eunuco, que só vive de uma vida inferior para a vileza dos interêsses materiais e para a intriga cobarde que é o processo dêsses interesses...

Uma única revolução é possível ou antes inevitável em Portugal: é a revolução anárquica da fome, mas essa não precisa que ninguém a promova nem pode ser matéria de programas políticos. Virá a seu tempo e fatalmente, como a conclusão necessária da desrazão e do egoísmo universais».

Receio bem que esta profecia se cumpra por completo.

Pode ser uma realidade absoluta no dia dê amanhã.

Porém, às responsabilidades das conseqüências hão-de ficar amarrados todos os republicanos» e nomeadamente os do partido que há treze anos, quási constantemente, assambarca o Poder e desgoverna o país, semeando nele a anarquia e a desordem.

Tenho dito.

O Sr. Dinis da Fonseca: — Sr. Presidente: vou ser breve, visto que já têm sido mostrados os inconvenientes que da aprovação desta proposta resultarão para o país, quer sob o ponto de vista económico-financeiro, quer até sob o ponto de vista social.

Não posso porém, deixar de apresentar algumas considerações que o estudo atento e quanto possível consciencioso do parecer me sugeriu.

Toda a doutrina do parecer que está em discussão poderia eximir-se nesta síntese que tomaria a fórmula de um silogismo: o país pode pagar mais porque está rico e está rico porque vive desafogadamente. O Estado pode exigir que o país pague mais, pois que já fez uma larga compressão de despesas. Eis a fórmula a que o Sr. relator reduz todos os seus raciocínios.

Encararei o parecer sôbre os resultados que dele derivam para aquelas classes que menos protecção costumam encontrar; que nem por si mesmo se encontram, por via de regra, em condições de defenderem os seus interêsses.

Refiro-me às classes médias: os pequenos comerciantes, os pequenos agricultores e os pequenos industriais.

A aprovação dêste parecer representa o esmagamento dessas classes.

Êsse esmagamento será a conseqüência da aprovação dêste parecer se, porventura, ò fôr sem que seja corrigido, será esmagar a economia das pequenas classes, o que dará ao projecto um carácter anti-social, dada a importância, destas classes na vida do país.

Afirma-se no parecer, Sr. Presidente, que o país pode pagar mais. por isso que está rico pretendendo o Sr. relator demonstrar isso com uma série de números que deviam ser exactos, mas que não são, pois a verdade é que o parecer na sua primeira página apresenta-nos os seguintes números:

Leu.

Não se compreende, Sr. Presidente, que o Sr. relator apresente êstes números que são antes da guerra, quando a verdade é que se poderia servir das estatísticas que existem e que tem ao seu dispor.

Assim, S. Exa. que tinha elementos para nos poder apresentar uns dados mais ou menos exactos, apresenta-nos uma série de números que na verdade não dão garantia de corresponderem à verdade.

O Sr. Velhinho Correia (interrompendo): — Eu devia dizer a V. Exa. que me dei ao cuidado de verificar alguns números apresentados pelo Sr. Azevedo Gomes e encontrando-os exactos guiei-me por êles, visto que não tinha tempo para mais.

Guiei-me, repito, por êsses números apresentados pelo Sr. Azevedo Gomes que constam das estatísticas ultimamente publicadas, visto que o resto era um trabalho muito demorado, e eu não tinha tempo para o fazer.

Êsses números constam no emtanto das