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Sessão de 18 de Junho de 1924 17

estatísticas que existem, excepção das que dizem respeito à indústria e ao comércio, de que não há estatísticas, pelo que nos temos de guiar por informações.

O Orador: — Agradeço ao Sr. relator as explicações que acaba de me dar, pelas quais se vê que não existe uma estatística industrial, não existe uma estatística comercial, existindo apenas incompleta e defeituosa uma estatística agrícola.

Já vê, portanto, a Câmara que não temos aqui números calculados segundo as estatísticas, senão numa pequena parte que o Sr. relator pôde calcular, visto que não teve tempo para mais.

Não sabemos por conseqüência se êles são exactos.

O que nós sabemos perfeitamente, Sr. Presidente, é que aqueles que dizem respeito à indústria e ao comércio são números a cálculo, por isso que não há estatísticas quando é certo que tanto a indústria como o comércio são os ramos que mais progrediram desde 1914 para cá.

Mas voltando ao exame do quadro apresentado no parecer, no que respeita por exemplo a madeiras, os cálculos são os mais falsos.

Os números constantes do quadro são respeitantes ao comércio anterior à guerra; ora todos nós sabemos muito bem que as madeiras foram na sua maior parte desfalcadas e assim os números que aqui se apresentam são inteiramente falhos.

O Sr. Velhinho Correia: — Isso é verdade; mas devo dizer a V. Exa. que o Sr. Sousa da Câmara não considerou tam exagerado êsse número, embora considerasse exagerados outros.

O Orador: — Pode ser que assim seja, que o Sr. Sousa da Câmara tenha um critério diferente do meu; mas, como V. Exa. confessa, outras verbas foram por S. Exa. consideradas inexactas.

Sr. Presidente: eu comecei por afirmar que tinha a pretensão de ferir alguma nota que, por acaso, tivesse escapado aos oradores que me antecederam, aliás bastante distintos. E foi assim que o Sr. Sousa da Câmara tendo frisado o exagero que existe em muitas das verbas, eu logrei agora ter em concordância comigo o Sr. relator, que afirma, que efectivamente a verba atribuída a madeiras é demasiada.

Mas, saindo dos números, o Sr. relator diz no parecer o seguinte:

«Concluímos isso pelo desafogo com que hoje vivem as populações rurais e, muito especialmente, pelas estatísticas oficiais do Ministério da Agricultura».

Sr. Presidente: neste ponto, o Sr. relator esqueceu-se de distinguir, e assim é que, se S. Exa. fôr a qualquer aldeia do país, encontra lá a chamada classe dos operários, dos grandes proprietários e dos médios e pequenos proprietários.

O operário vive, sem dúvida, neste momento numa situação mais desafogada porque lá também já apareceu a idea de ganhar mais e trabalhar menos e como ainda não existem lá cinemas, e ainda nem todos freqüentam as tabernas não têm em que gastar o dinheiro, e portanto, chega-lhe.

Relativamente aos grandes proprietários, êsses possuem os necessários recursos para viver, porque o rendimento dos géneros que vendem aumentou também, o que lhes permite, repito, viverem numa situação desafogada.

Quanto aos pequenos e médios proprietários, êsses vivem numa situação por vezes aflitiva e menos próspera de que antes da guerra.

Aquilo que produzem muitas vezes não chega para sou consumo. E se não fôsse trabalharem dia a dia, cultivando as terras, não teriam o bastante para comer e vestir. O custo da produção aumentou; por virtude disso colhem menos; nada vendem ou vendem menos produtos e sujeitos a tabelas, emquanto que os produtos que necessitam adquirir são forçados a comprá-los pelos preços sucessivamente mais caros.

A situação é esta, e, portanto, bastante é de estranhar que o Sr. relator nos venha dizer no seu parecer que o povo vive numa situação desafogada.

Isto é inteiramente inexacto.

Sr. Presidente: é de todo o ponto injusto o que se propõe relativamente a coeficientes, pois, a pôr-se em prática o que nesta proposta se contém, em todas as aldeias do País seriam esmagadas as pequenas classes,

Ora, Sr. Presidente, não posso deixar de