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Sessão de 23 de Junho da 1924 11

Fiz um àparte ao Sr. Cunha, Leal na altura das suas considerações, quando afirmava que a amnistia interessava a certos políticos.

Apoiados.

Disse eu que era ocasião de acabai* com enigmas.

Apoiados.

Eu vejo também que o Sr. Cunha Leal tem a obsecação do regresso à política do Sr. Afonso Costa.

O Sr. Cunha Leal: — Eu até gosto.

O Orador: — Com gosto ou com desgosto, parece que o caso é de tal ordem que S. Exa. a propósito ou a despropósito, fala sempre nele.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Eu não acredito que o Sr. Afonso Costa seja aquele tufão que impediu os aviadores de checarem a tempo a Macau.

Risos.

Àpartes.

O Orador: — Mas parece que acredita.

É extraordinário que seja uma pessoa com as responsabilidades políticas do Sr. Cunha Leal quem venha fazer afirmações em termos vagos, e não faça afirmações concretas, dizendo quem são os políticos que estão implicados nos casos referidos,

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Eu falarei no tribunal com toda a clareza.

Apartes.

O Orador: — Já esporava isso; mas o Sr. Cunha Leal devia falar com clareza dando os devidos esclarecimentos, falando aqui S. Exa. como Deputado, visto que foi aqui que tratou o assunto. No tribunal falaria S. Exa. como-advogado.

Àpartes.

O meu «àparte» apenas provém duma série de considerações a respeito de determinados incitamentos políticos que tanto deram nas vistas ao Sr. Cunha Leal.

Àpartes.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Eu só disse que certas entidades políticas tinham procurado aproveitar o movimento e que a única pessoa omnipotente era o Sr. Afonso Costa.

O Orador: — Chega a parecer que o Sr. Cunha Leal tem medo do Sr. Afonso Costa; mas pode estar tranqüilo que S. Exa. não é papão para meter medo a crianças.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Assim o julgo, e os meus filhos, sugestionados pela multidão, até gritam: a Viva o Sr. Afonso Costa.

O Orador: — Eu desejava dar um tem sério às minhas explicações; mas o Sr.. Cunha Leal está impedindo-me de o fazer. Chega a fazer lembrar a história que o Sr. Rodrigues Gaspar contou a respeito dos dois galos.

Chega a parecer que S. Exa. está desejoso de fazer essa luta dos galos.

Àpartes.

O Sr. Cunha Ceai (interrompendo]: — Para essa luta só conheço o Sr. José Domingues dos Santos, que quere matar o Cristo para ficar com a crista.

Risos.

Àpartes.

O Orador: — Sr. Presidente: o Sr. Cunha Leal é sempre duma extraordinária susceptibilidade em todas as cousas, que lhe dizem respeito, como tem provado nossa luta que tem havido na Câmara, e por isso eu quero dizer que as suas palavras não têm razão de ser, porque, não tendo havido incitamentos que S. Exa. quere supor, elas não deviam ser proferidas.

Assim, S. Exa. não tinha razão para tomar a atitude que tomou, chegando até a referir-se ao Sr. Afonso Costa.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Que Deus haja!

Risos.

Àpartes.

O Orador: — S. Exa. até já o matou.

Risos.

Àpartes.

O Sr. Cunha Leal (interrompendo): — Mas eu ressuscito-o quando aqui vier.