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14 Diário da Câmara aos Deputados

Sr. Presidente: tenho a suficiente generosidade p ira não me referir, neste particular, ao Sr. Cunha Leal que foi e é duma felicidade tam grande que nem soube inventar e reproduzir uma blague, mais ou menos inédita o original, para apoucar os méritos dum pobre homem que tem apenas o defeito de ter o coração ao pé da boca e de não ter bastante brilho nas suas palavras.

O Sr. Cunha Leal imaginou que isso é uma cousa que, porventura, me incomoda ou sequer mo arrelia. A acusação, à fôrça, de ser repetida, acabou por insensibilizar-me.

Isto manifesta a inferioridade das pessoas, porque não puderam encontrar na carreira do político nada de que o acusar, e foram buscar à sua vida escolar um incidente que é.da sua exclusiva responsabilidade pessoal, que nada tem com a política, que se tem produzido apenas por um motivo de honestidade intelectual, porque não se sujeita a escrever um trabalho sôbre o joelho para ultimar apenas uma formalidade.

O Sr. Cunha Leal manifestou nessa pequena beliscadura um desconhecimento completo da psicologia humana.

Por isso, repetindo o que há pouco disse acerca da luta de galos, devo dizer que o Sr. Cunha Leal manifestou que não é um galo, e, servindo-me apenas duma parte do seu apelido, fica apenas um pequenino pinto.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Vitorino Godinho: — Sr. Presidente: não me encontrava na sala na ocasião em que o Sr. António Maia se referiu a um episódio passado em Paris, quando ali eu era adido militar.

Eu creio que S. Exa. não teve qualquer intenção de me envolver nessa questão, que está correndo os seus trâmites, mas apenas estabelecer o paralelo entre o procedimento havido com um oficial aviador © o que se adoptou no caso a que me referi.

Q Sr. António Maia (interrompendo): — Eu não tive a intenção de melindrar V. Exa. ou envolver a sua honra neste assunto.

Apenas disse que tendo-se dado um caso idêntico com o adido militar em Paris, estranhei que V. Exa. não censurasse o Sr. Ministro da Guerra por não ter procedido de igual modo para com o Sr. Ribeiro da Fonseca.

O Orador: — Dou-me perfeitamente por satisfeito com as palavras do Sr. António Maia.

O resto é com os tribunais.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Morais Carvalho: — Pedi a palavra para me associar, em nome da minoria monárquica, à proposta de saudação apresentada pelo Sr. Jaime de Sousa,

Direi, no emtanto, desde já que estranho profundamente a ausência do Sr. Ministro da Guerra quando essa saudação vem acompanhada do anunciado projecto de amnistia para os reclusos de S. Julião da Barra.

As notícias unânimes dos jornais sôbre a apresentação daquele projecto não permitem que o Ministro se desculpe dizendo que tal projecto aparecera de chofre.

O Sr. Américo Olavo ou concorda com êle, e vinha aqui defendê-lo, ou dele discorda, o então não lhe basta-sair de Lisboa; tem de sair do Ministério se não consegue que um Deputado da maioria deixe de apresentar um projecto que o Ministro considera como de censura aos seus actos,

Se já há mais tempo tivesse tomado essa deliberação, por certo se teriam evitado muitos dos últimos desagradáveis acontecimentos.

A minoria monárquica entende que todas as homenagens que são devidas aos portugueses intrépidos, Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, que conseguiram levar a cabo, escrevendo mais uma página de heroísmo na história de Portugal, uma obra que, para ser possível, carecia a um tempo de estudo^ de previsão, de audácia, de tenacidade, de deprêzo pela vida, de domínio dos nervos e de ânsia de glória.

Honra, pois, a êsses bravos rapazes, que, desajudados de incitamento e até de facilidades materiais por parte dos Poderes Públicos, não hesitaram em lançar-se em demanda de novos motivos de orgulho patriótico para Portugal, atravessara