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Sessão e 23 de Junho de 1924 17

E vou dizer quais as razões que determinaram o meu espírito e o meu sentimento.

O Sr. Cunha Leal sabe que muitas frases já foram ditas e que se devem medir as palavras.

O Sr. Cunha Leal: — V. Exa. emprestamos o seu metro e nós guiamo-nos por êle.

O Orador: — Empresto-o, esteja certo.

Como ia dizendo, votava a amnistia, porque êsse acto representava justiça aos homens que fizeram o raid.

O fim dos militares, dizem, era fazer cumprir a Constituição.

Apoiados.

Quem conhece se a Constituição está ou não ofendida é outro poder que não seja o Judicial?

O Sr. Lelo Portela: — São os que fizeram o 14 de Maio.

O Orador: — Os ilustres oradores que me precederam nem sequer se deram ao cuidado de saber em que a tinham ofendido.

Dizem que foi por amor à República que assim procederam.

Mas dizem: não queremos a amnistia.

Interrupção do Sr. Cunha Leal que se não ouviu.

Os homens que aqui estão não são capazes de fazer uma infâmia, lançando um escarro a quem quer que seja.

Foi isso que me forçou a usar da palavra.

Aqui tem V. Exa. o tal metro...

Interrupção do Sr. Cunha Leal que também se não percebeu.

O Orador: — Estava para votar a amnistia em nome daqueles princípios políticos que entendo de valor para a votação duma amnistia.

O Congresso da República, contrariamente ao que aqui se afirmou, é incapaz de ofender quem quer que seja.

Tenho dito.

Não apoiados.

Apoiados.

O Sr. Lino Neto: — A minoria católica defende-se dos aspectos políticos da questão pendente.

A viagem aérea ao Brasil foi um facto que fez vibrar a alma portuguesa, um dos grandes monumentos de glória. Estamos ainda sob a impressão dum êxito colossal, formidável, produzido pela viagem aérea realizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Rio de Janeiro. Outra, porém, igualmente gloriosa a completa.

Uma procurou fazer ligar Portugal a uma das nações mais prósperas da terra; e além disso assinalou um marco milenário na sciência da navegação aérea. Outra procurou ligar Portugal mais inteiramente às suas colónias, começando por uma das mais distantes, e mostrando assim a disposição em que todos estamos de iniciar uma política nova para as nossas colónias, afirmando a união moral da raça.

Apoiados.

Ambas as viagens se iniciaram, levando nas asas dos aviões a Cruz de Cristo, símbolo duma das maiores épocas da nossa história.

Ambas representam o espírito de valentia e de audácia da nossa raça; ambas são como que estâncias do mesmo poema, são como que elementos da mesma, epopeia, mostrando o poder de espiritualidade do povo português como um dos mais representativos da raça latina para elevar as fôrças humanas às maiores culminâncias.

Apoiados.

No concurso entre todos os povos para realizações de progresso imediato, Portugal demonstrou mais uma vez que não fica para traz e por vezes excede os outros povos.

Tornemo-nos dignos destas circunstâncias!

Vejo que a melhor forma de conseguir isso é conceder uma amnistia, larga, ampla, profunda. Mas se soubesse que na amnistia havia alguma cousa de afrontoso fôsse para quem fôsse, de modo nenhum êste lado da Câmara a votaria. A amnistia, porém, é o esquecimento, não impede o apuramento das responsabilidades de cada um.

E o momento é nacional, de todas as classes sociais se pede a amnistia!

Êste lado da Câmara que representa uma das correntes de opinião mais poderosas do país, dá por isso o seu voto neste sentido: abram-se todos os corações para uma amnistia, e da conseqüente reü-