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10 Diário da Câmara dos Deputados

Eu não tencionava falar visto não haver Govêrno, mas fui forçado a dizer estas palavras por efeito da fala do Sr. Velhinho Correia e pela interrupção do Sr. Almeida Ribeiro.

Contra o que eu protesto, é contra o aspecto moral da questão, que é tremendo.

Apoiados.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Os «àpartes» não foram revistos pelos oradores que os fizeram.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Êste assunto relativo à venda da prata já foi tratado aqui, por mim, há cêrca de um mês.

Preguntei então ao Sr. Ministro das Finanças qual o fim para que estavam sendo construídos, na Casa da Moeda, 7:000 caixotes.

E preguntei-o porque me constava que êsses caixotes se destinavam ao transporte da prata para. Inglaterra.

O Sr. Álvaro de Castro respondeu-me que efectivamente o Govêrno pensava em fazer seguir para Inglaterra a prata, e que os caixotes que estavam sendo feitos eram para a transportar.

É de lamentar que está tempestade levantada hoje nesta Câmara — e muito justificadamente levantada — a propósito de tal assunto, não se tivesse desencadeado então, quando o assunto aqui foi versado por mim.

Agora que a prata já está embarcada e a caminho da Inglaterra, e só agora, é que aparece a indignação dos Srs. republicanos!

Mas o que é ainda mais assombroso é o que o Sr. Director Geral da Fazenda Pública disse numa entrevista que deu ao Diário de Lisboa.

Apoiados.

Nesta entrevista, S. Exa., declarando que se tratava de uma especulação política dos monárquicos, acrescentou que a prata hão ia sair, nem estava a ser encaixotada, mas sim apenas a ser mudada, devido a os sacos que a continham só tornarem necessários para o transporte das novas moedas que vão ser cunhadas.

Veio, pois, o Sr. Director Geral da Fazenda Pública desmentir o que fora aqui dito pelo Sr. Álvaro de Castro!

O Sr. Álvaro de Castro declarou nesta Câmara que os caixotes se destinavam ao transporte dos 14:000 contos de prata, ou sejam cêrca de 180:000.000$.

Quem disse a verdade?

Vê-se que foi o Sr. Ministro das Finanças.

Depois de uma tal contradição, são legítimas todas as suposições, são justificadas todas as reservas.

Apoiados.

Depois — note-se — o Sr. Álvaro de Castro, pôr um decreto seu, dispensou-se de fazer a venda da prata, em concurso, e autorizou-se a si próprio a vendê-la quando e como quisesse.

Eu pregunto o que será pior: aumentar a circulação fiduciária, mesmo pela maneira ilegal e escandalosa como o Sr. Velhinho Correia a aumentou, ou o Govêrno vender a prata, tendo, de mais a mais, publicado um decreto em que se autoriza a si próprio a fazer a venda da prata como e quando entenda, sem obediência às formalidades legais?

Apoiados.

Disse aqui também o Sr. Álvaro de Castro que a prata era convertida em ouro.

Será também interessante saber-se em que condições se fará esta conversão.

Porque se faz à sucapa, de madrugada, por entro baionetas, o embarque da prata?

Apoiados.

O Sr. Cunha Leal: — E que o Sr. Alberto Xavier gosta de lazer tudo às escuras.

O Orador: — Vou concluir, visto que apenas pedi n, palavra especialmente para fazer referência à entrevista do Sr. Alberto Xavier, publicada no Diário de Lisboa.

Mas quero aproveitar a ocasião para fazer um requerimento.

Requeiro que se abra uma inscrição especial sôbre o assunto, pois é indispensável que saia hoje desta Câmara uma deliberação para que se evite ainda que a venda da prata tenha lugar.

Apoiados.

Tenho dito.