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Sessão de 27 de Junho de 1924 15

termos, eu pregunto: com que proveito para o país?

Com o proveito de uma nova emissão de notas?

Para que é que se vende a prata? Para que é que se vende o ouro? Para que se torna a vender o ouro?

Não há nada que justifique estas operações, e a ilação a tirar de factos desta ordem é que já não há preocupações na venda do património nacional, sendo de lamentar que V. Exa., Sr. Almeida Ribeiro, ponha acima dos interêsses nacionais os interêsses mesquinhos da política.

Sr. Presidente: verificada assim a questão, eu entendo que ela deve, ao menos, servir de lição à maioria parlamentar para que não continue a permitir essa desenfreada ditadura que se tem vindo a fazer nesta Câmara, desbaratando-se o património nacional sem que o Parlamento tome conta dêsses actos, sem que a maioria parlamentar deixe de acusar de obstrucionismo aqueles que estão a defender os interêsses nacionais.

É tempo de reparar a política dos negócios.

Não percebo nem posso perceber que a política republicana dependa da vontade de um homem que mais ligações tem com a finança do país.

Onde estão a coerência e a moralidade do um regime que vai buscar para seu super-homem aquele que representa precisamente o traço de ligação da política com os negócios?

Estou a ver o Sr. Rodrigues Gaspar, que há dias se referiu nesta casa do Parlamento aos aventureiros políticos e que numa sessão posterior declarou que não costumava cruzar os braços. Estou a ver os gestos que S. Exa. terá feito quando, como membro do directório, tem de intervir nesta questão. Se S. Exa. não cruza os braços, eu não quero quebrar as normas parlamentares para dizei quais os movimentos que S. Exa. terá feito.

Não quero alongar as minhas considerações e por êste motivo vou terminar. No emtanto chamo a atenção da maioria para o que vou dizer. A continuação do actual estado de cousas; a teimosia em não se verificarem as contas do Estado, a teimosia da Câmara em não querer apreciar largamente as contas do Estado é um crime de alta traição para com o país.

É por isso que chamo principalmente a atenção da maioria, para que procure, sem perda de tempo, revogar essa autorização, rever prontamente a legislação que tem sido promulgada ditatorialmente à sombra dela, para que então a Câmara possa ter autoridade para dizer ao país que não assiste de braços cruzados à venda daquilo que representa o património nacional.

Tenho dito.

O orador não reviu nem o Sr. Almeida Ribeiro fez a revisão dos seus àpartes.

O Sr. Velhinho Correia: — Sr. Presidente: não posso deixar de começar as minhas considerações por dar uma resposta a alguns apartes de carácter pessoal que me foram dirigidos pelo Sr. Cunha Leal.

S. Exa., censurando a minha conduta política, bem como o Sr. Ferreira da Rocha, disseram que eu freqüento as assembleas populares.

Devo dizer ao Sr. Cunha Leal que tenho muita honra nisso. Foi no tablado popular que S. Exa. começou e em que eu comecei também. Contudo há uma diferença entre nós; é que eu ainda hoje freqüento êsses tablados, e S. Exa. já os não freqüenta.

Devo dizer mais o seguinte: as palavras de S. Exa. penalizaram-se profundamente.

Pode ser que realmente eu seja «um espírito daninho», mas não se esqueça V. Exa. que eu era republicano antes dela se proclamar, e tenho-a servido sempre com o maior interêsse.

É possível, repito, que eu seja «espírito daninho», mas tenho grande orgulho em o dizer: nunca as minhas atitudes políticas e conduta política serviram para melhorar as minhas condições pessoais.

Mais; tenho hoje o prazer e à guelque chose malheur est bon, de me voltar para os adversários, e de lhes dizer que é ocasião agora de me confundirem se puderem.

Em resposta falarei assim; não são bravatas, mas sim umas palavras de defesa legítima, da parte de quem quere ter o direito de expandir livremente a sua opinião, respeitando a opinião dos outros.

É simplesmente uma atitude de legítima defesa.