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16 Diário da Câmara dos Deputados

mo seja a de ser tratada com muito mais carinho, com muito mais disvêlo pelo seu proprietário. E tanto assim é, tanto se tem reconhecido que as grandes propriedades não são as mais vantajosas, que já no tempo da monarquia se fez a extinção dos morgados.

Eu devia estas explicações ao Sr. Morais Carvalho, visto ter atacado a minha proposta pelo facto de supor que nela se atacavam os grandes proprietários, os grandes capitais. Tal propósito não se contém na minha proposta, como não existe no espírito do meu Partido que tem pelo direito da propriedade o maior respeito.

Tenho dito.

O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr. Presidente: antes de entrar nas minhas considerações desejo cumprir um grato dever, qual é o de manifestar o meu profundo reconhecimento, a maior gratidão da minha parte e dêste lado da Câmara, para com a maioria e, especialmente, para com o Sr. José Domingues dos Santos que ontem nos deu a honra e nos prestou o grande serviço de atribuir à minoria monárquica a responsabilidade da demora na discussão desta proposta. São realmente, para agradecer estas palavras de justiça a que não estamos habituados e, como isso redunda em nosso proveito pessoal e político, não quis iniciar as minhas considerações sem cumprir êste dever que repito—me é absolutamente grato.

Na verdade, salva a excepção de mais dois ou três Deputados das outras minorias, ninguém dedicou ao assunto o cuidado e o demorado estudo que êle requere, devendo-se à minoria monárquica a demora que tem havido na discussão desta proposta.

Quere dizer: segundo confissão da maioria pela boca de um dos seus mais categorizados leaders, o contribuinte deve à minoria monárquica a demora na discussão da proposta e porventura quaisquer alterações que em seu benefício ela venha a sofrer. Vê-se, assim, que alguma cousa fazemos aqui e que o contribuinte pode contar com a minoria monárquica para a defesa dos seus interêsses legítimos.

Também o Sr. Ministro das Finanças ontem quis fazer comentários ao modo
como a discussão tem decorrido, dando a entender que nada se tinha adiantado e que se era certo haver na proposta deficiências, pontos a modificar, alterações a fazer, a verdade era, também, que nada de concreto tinha sido alvitrado e que, portanto, o que havia a fazer era votar.

Quere dizer: o Sr. Daniel Rodrigues tem a opinião de que a obra é má, mas
que, como não há quem queira melhorá-la, deve ser executada mesmo com todos
os seus defeitos.

Sr. Presidente: devo dizer que o Sr. Ministro das Finanças não tem razão, e o motivo está em não ter acompanhado a discussão desde o princípio, porque esta discussão já está a ser feita há muito tempo, desde a apresentação do Govêrno na outra casa do Parlamento.

O assunto é importante, e realmente merece ser apreciado por todos os lados da Câmara.

Portanto não admira que o Sr. Ministro das Finanças esteja em branco sôbre esta proposta.

S. Exa. não acompanhou os trabalhos das comissões, não foi sôbre êles ouvido.

O Sr. relator, autorizado pela comissão de finanças, é a pessoa mais inconstante que se tem encontrado neste mundo. Não sei se em todos os actos da sua vida o Sr. relator é assim.

Aqui é, e é para lamentar que a única pessoa que se encontrou para relator não tenha uma opinião fixa: apresenta hoje uma proposta e apresenta logo outra diferente.

Quere dizer que, em contrário do que o Sr. Ministro das Finanças diz, isto está por esclarecer, e nem o próprio Sr. relator tem urna opinião segura sôbre o resultado das suas medidas e a justiça das suas disposições.

Já vê o Sr. Daniel Rodrigues que alguma cousa se aproveitou da discussão e resultou dela.

Como é que a maioria vai votar esta proposta, se o seu condutor, o seu guia neste assunto, está inteiramente desorientado e tem ideas em cada dia diferentes?

S. Exa. fala em nome da comissão, ou representam as suas palavras uma opinião pessoal?

Apesar de terem falado sôbre a proposta pessoas categorizadas como o Sr.