O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 30 de Julho de 1924 21

O Sr. Cunha Leal quis tratar da nomeação de um governador interino para Angola.

A Câmara recusou. Por várias vezes tem recusado ao mesmo ilustre colega a palavra para tratar de assuntos respeitantes de Angola, no tempo do Alto Comissário Norton de Matos.

No Emtanto pode-se hoje verificar o que foi a situação criada a Angola, e que se teria evitado se a tempo se tivesse tratado dela.

Entretanto, a mesma Câmara pode verificar que a situação criada a Angola, também por se não ter a tempo tratado dela, era por tal modo grave que não havia fácil remédio a dar-lhe e que a maior parte das pessoas indigitadas ou convidadas para a direcção da província recusavam semelhante honraria. O que é pior é que a situação está cada vez a agravar-se mais, a complicar-se mais, ninguém querendo sacrificar-se para procurar repor a província na situação anterior.

Isto serve apenas como exemplo para demonstrar como é perigoso resolver de leve — e já não quero dizer levianamente — casos desta natureza, colocando-nos na contingência de termos de continuada-mente bater nos peitos, arrependidos das nossas culpas.

Eu desejaria que uma proposta desta natureza tivesse a justificá-la, pelo menos, já não digo os pareceres de uma dúzia de comissões que, de resto, costumam ser ouvidas sôbre assuntos insignificantes, mas com relatório que nos habilitasse, dentro dos nossos conhecimentos e das nossas faculdades, a julgar da sua oportunidade e da sua vantagem. Eu sei que o Sr. Ministro da Marinha é um marinheiro muito distinto, com muito amor à sua profissão, para que pretendesse dar por incapazes navios que visse ainda estarem em condições de prestar serviços. Sei que S. Exa. pensa que quantos mais e melhores navios, melhor.

Mas, Sr. Presidente, errar é próprio dos homens.

E lembro-me até, por se ter falado não há muito na perda do Pêro de Alemquer, que há um oficial de marinha que desejaria até morrer dentro dêsse barco, oficial de marinha que creio chamar-se Macieira, oficial de marinha distintíssimo, admirado não só por nacionais, como por estrangeiros, com um passado brilhantíssimo, que tinha um s grande amor pelo barco onde tinha feito a sua carreira, e que teve um grande desgosto quando teve de o deixar.

Sei isso muito bem.

Sei, Sr. Presidente, que para a maioria dos oficiais da marinha de guerra os navios são as suas noivas, as suas esposas, uns entes que muito querem, razão por que sei muito bem que o Sr. Ministro da Marinha, fazendo a afirmação que nos fez de que êsses navios se encontram completamente inutilizados para o serviço do Estado, nos fala verdade.

Porém, quem me diz a mim que S. Exa. não esteja enganado, ou que a pessoa que foi encarregada de fazer á vistoria se não tenha enganado também?

Quem me diz a mim, Sr. Presidente, que se não tenha procedido às necessárias investigações para se tentar o salvamento dêsses navios; para se tentar o aproveitamento dêsses barcos?

O Sr. Presidente: — Previno V. Exa. de que são horas do se passar à segunda parte da ordem do dia, e assim se V. Exa. quiser poderá ficar com a palavra reservada para amanhã.

O Orador: — Nesse caso ficarei com a palavra reservada para a sessão de amanhã.

O orador não reviu.

O Sr. Jaime de Sousa: — Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa um parecer da comissão de marinha.

O Sr. Presidente: — Continua em discussão na generalidade o parecer n.°761.

Tem a palavra o Sr. Morais de Carvalho.

O Sr. Morais de Carvalho: — Sr. Presidente: o ilustre Deputado, o Sr. Carvalho da Silva, iniciando ontem a discussão sôbre o parecer n.° 761, declarou à Câmara qual era o modo de ver da minoria monárquica acerca do assunto, tam melindroso como êste é, e a que se chama a questão do inquilinato.

S. Exa. declarou que sôbre o assunto se abstenha inteiramente de quaisquer considerações de ordem política.