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10 Diário da Copiara dos Deputados

tradicção entre o que eu afirmara e o acto que praticava.

Mas isso não faria eu.

Todos por certo me fazem a justiça de acreditar que eu não faria semelhante cousa.

Quando cheguei ao Govêrno, já encontrei q Sr. Norton de Matos exonerado ,do seu lugar de Alto Comissário e colocado na Embaixada em Londres.

Que elementos tenho eu agora para dizer que se vai anular essa nomeação?

Mesmo que se anulasse a nomeação, eu não podia obrigar o Sr. Norton de Matos a voltar para Angola.

Nesse caso só praticaria um acto que se poderia atribuir a vingança.

O ilustre leader do Partido Nacionalista falou também na maleabilidade que eu pudesse ter neste ou noutro assunto.

É a primeira vez que eu sou acusado como maleável; em geral, ao que me consta, sou considerado como muito rijo, de maneira que não me desagrada a classificação.

Devo, porém, dizer que não tenho pie ser maleável numa questão destas.

Também S. Exa. se referiu a um facto que eu devo explicar, com toda a franqueza, como se passou.

A administração de Angola estava como que paralisada; desde que dali saiu o Alto Comissário.

Quem ficou à frente daquela administração, na sua qualidade de Presidente do Conselho Legislativo da Colónia, foi o Sr. Almeida Santos, que pediu a sua exoneração.

Então, o Sr. Ministro das Colónias nomeou um governador de distrito para ocupar a posição do Sr. Almeida Santos.

Pediu também a sua exoneração.

Tornava-se pois necessário que alguém se ocupasse dessa administração.

Não era fácil mandar imediatamente um Alto Comissário.

O Sr. Ministro das Colónias, em presença de tal conjuntura, entendeu que era preciso nomear alguém que estivesse na colónia, e que essa pessoa deveria ser a que tivesse maior categoria.

O Sr. Cunha Leal falou-me sôbre o Sr. Almeida Santos, dizendo que êsse senhor, uma vez nomeado, poderia ser considerado como encobridor de actos da administração do Sr. Norton de Matos.

Eu declarei a S. Exa. que não via razão alguma para supor tal, pois não compreendia como se pudessem encobrir actos de administração.

A aceitar como legítima essa suposição, então não haveria maneira de encontrar na colónia alguém que pudesse interina: mente desempenhar o cargo de governador.

Todas as pessoas com categoria para o cargo foram mais ou menos nomeadas pelo Sr. Norton de Matos e, portanto, a dúvida subsistiria em todos os casos, e ficaria portanto o problema sem solução.

A nomeação do Sr. Almeida Bastos não foi qualquer cousa que significasse agravo ao leader do Partido Nacionalista.

Eu bem sei que o Sr. Cunha Leal está animado da melhor vontade para que a República não seja acusada de faltas na administração pública.

Eu sei isso, mas devo dizer que a paixão política nos pode, por vezes, levar a proferir frases que podem ser exploradas per elementos, que andam sempre como que a procurar motivos de escândalo.

Chamo a atenção de S. Exa. para isso.

Papa isto eu chamo, repito, a atenção do leader nacionalista, e dir-lhe hei que é muito injusto.

Nós devemos procurar por todas as formas cobrir a República de todos os ataques que lhe são dirigidos na ânsia de a derrubar.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Presidente: — O Sr. Cunha Leal pediu a palavra para explicações.

Vozes: - Fale, fale.

O Sr. Cunha Leal: — Ouvi com a atenção, como me cumpria, a resposta do Sr. Rodrigues Gaspar Presidente do Ministério.

Se essa resposta não me satisfez, teve o condão de jungir S. Exa. à responsabilidade dos actos do Alto Comissário.

O que se provou, foi que o Sr. Norton de Matos estava prestando um mau ser-