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Sessão de 31 de Julho de 1924 9

ria proceder de modo a provar-se que eu tivera razão.

Quando se trata de altos interêsses do País, ponho a minha individualidade fora dá discussão.

Todos sabem que eu reconhecia o Sr. Norton de Matos como um grande colonial, por ser um homem conhecedor das colónias e pela sua inteligência e acção.

Todos diziam que Angola ia passando por uma grande transformação, e que o Sr. Norton de Matos estava concorrendo para o seu desenvolvimento.

Quando se levantou nesta Câmara a questão entre os Sr s. Cunha Leal e Norton de Matos, eu nem sequer entrei nessa discussão.

Mas vi que às acusações feitas pelo ilustre leader do Partido Nacionalista tinha havido uma resposta concludente da parte do Sr. Norton de Matos. Não sei que houvesse vontade da parte de ninguém em encobrir quaisquer faltas.

O que eu senti foi que todos concordavam em que era indispensável que o homem que iniciara, sob o regime dos Altos Comissários, uma administração em Angola sob o ponto de vista do desenvolvimento da província, continuasse nesse mesmo esfôrço, de maneira que não se pudesse acusar quem o substituísse de não ter pôsto em execução um vasto plano de ressurgimento daquela província.

Todos concluíam por não se dever negar ao Sr. Norton de Matos a possibilidade de concluir a sua obra; e S. Exa. mesmo dissera que necessitava de estar na província de Angola seis a sete anos, para ver coroado de bom êxito todo o seu plano de administração.

Dá-se, porém, o caso de ser exonerado o Alto Comissário de Angola, e eu, então, que entendia que quem se havia metido em tam vasta obra deveria levar a sua missão até ao fim, não para ruína de Angola, mas para salvação, precisamente, de Angola, ao ver que se tinha dado a exoneração ao Alto Comissário para ir desempenhar outra missão — a de embaixador em Londres — levantei essa questão, aqui, nesta Câmara.

Porque é que o fiz?

Eu bem procurei fazer-me entender.

Condenava o acto de se ter desviado duma missão importante um homem que tinha grandes responsabilidades na administração de Angola.

Se eu me calasse sôbre tal caso, quando amanhã, em condições idênticas, eu tivesse, porventura, de atacar qualquer outra individualidade que não fôsse do Partido Democrático, alguém poderia dizer que eu não tinha autoridade para o fazer, visto que me calara relativamente a um correligionário meu.

O Sr. Cunha Leal: — E não a tem, porque o conserva embaixador em Londres.

O Orador: — Precisamente porque eu estou na República para defender princípios e nada mais, quero manter-me dentro deles, tomando as atitudes que a minha consciência me indique como melhores, sem me importar de ser agradável ou desagradável a quem quere que seja.

Por isso mesmo, repito, quis pôr em foco aquilo que eu entendi ser um êrro. Eu não estava na oposição; eu estava no Partido que dava apoio ao Govêrno.

Não há aqui contradição entre um homem que estava na oposição e hoje está no Govêrno.

É um homem que estava na maioria e hoje está no Govêrno.

Expliquei qual era a minha intenção. Critiquei o acto da saída do Sr. Norton de Matos de Angola, por isso que eu previa que grandes dificuldades haviam de surgir para que outro Alto Comissário fôsse continuar essa administração.

A resposta que me foi dada pelo Sr. Presidente do Ministério, de então, foi que o Sr. Norton de Matos não voltaria para Angola, visto a sua saúde não lho permitir, e que tinha sido nomeado embaixador em Londres.

Eu não critiquei essa nomeação. O que eu critiquei foi a saída do Sr. Norton de Matos de Angola.

Claramente disse que não possuía elementos para afirmar que o Sr. Norton de Matos não devia ir para Londres.

O que disse foi que ele não devia sair de Angola.

Esta é que é a verdade.

Agora estou no Govêrno.

Se eu tivesse encontrado pendente a exoneração do Sr. Norton de Matos, e o exonerasse, então, sim, teria havido con-