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8 Diário da Câmara dos Deputados

A ordem veio de facto, tendo-se dado à firma Sousa Machado & C.a o prazo de um ano para fazer essas liquidações.

Como estas, há muitas outras irregularidades, que hão-de ficar na história da administração da província de Angola.

Querem V. Exas. saber quem é que representava em Angola o Sr. Norton de Matos para êste efeito?

Era o Sr. Almeida Santos, amigo muito querido do Sr. Norton de Matos, que o tem acompanhado desde os tempos da preparação da guerra; porém, se bem que dissesse que desejaria muito, quando voltasse, não ver um único papel fora do seu lugar, o que é facto é que a província está sem dinheiro, queixando-se os funcionários de não receberem os seus ordenados.

Sr. Presidente: a primeira pessoa que foi convidada pelo Govêrno para Alto Comissário, foi o Sr. Paiva Gomes, Deputado da Nação.

Eu quero daqui afirmar, se bem que esteja de relações cortadas com o Sr. Paiva Gomos, que me alegrou a notícia, pois a verdade á que S. Exa. não é nem tranpolineiro, nem ladrão: é uma pessoa inteligente, que podia muito bem fazer uma boa administração.

Mas o Sr. Paiva Gomos não aceitou, é a certa altura os jornais disseram que seria nomeado governador geral o Sr. Almeida Santos, o homem que tinha sido o braço direito do Sr. Norton de Matos, e que podia ser seu encobridor.

Eu entendi dever prevenir o Govêrno que o Sr. Almeida Santos era na administração de Angola o criado servil do Sr. Norton de Matos e que não seria honesto nomear o Sr. Almeida Santos para regular as contas do Sr. Norton de Matos, porque seria um encobridor dos seus desmandos.

Sr. Presidente: não mo posso associar a actos dêstes, praticados pela República, nomeando governador uma pessoa que pode ser indicada como sendo um réu.

Declaro que não quero ser outra cousa senão republicano, mas não deixarei de lutar até à última para patentear os desmandos do Sr. Norton de Matos.

Quis ontem ocupar-me, em negócio urgente, desta questão, mas não me foi consentido, e falei hoje; mas ontem teria apresentado uma moção, se a palavra, nos referidos termos, me tivesse sido concedida.

Mas hoje não vale a pena apresentar a moção, e só quero afirmar mais uma vez que, como leader do Partido Nacionalista, preveni o Sr. Rodrigues Gaspar que considerava o Sr. Almeida Santos como encobridor das irregularidades do Sr. Norton de Matos, e que nestas condições o Partido Nacionalista, para honra da República, não podia fazer outra cousa, senão impedir a vida normal do Govêrno presidido pelo Sr. Rodrigues Gaspar.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Rodrigues Gaspar): — Sr. Presidente: compreendo muito bem que a oposição discuta os actos do Govêrno, e qual a sua orientação política, mas não compreendo que essa oposição proceda precisamente nos termos em que o Sr. Cunha Leal tratou a questão.

Eu gosto que as questões sejam tratadas de uma maneira clara, sem a mais pequena confusão, e por isso vou recontar o que se passou, para que de uma vez para sempre fique bem esclarecida a minha situação, relativamente ao assunta do que S. Exa. se ocupou.

Devo desde já declarar que nunca foi meu sistema tratar quaisquer questões quer nas antecâmaras, quer pelos corredores.

Só trato de questões importantes, como estas, onde elas devem ser tratadas.

Durante o tempo que estive no Ministério das Colónias nunca cheguei à conclusão que o Alto Comissário de Angola estava a fazer uma obra de ruína, porque então teria tomado as necessárias providências para evitar tal cousa.

Nunca o disse no Parlamento, nem o disse nos seus corredores e, por conseqüência, o Sr. Cunha Leal está mal informado a êsse respeito.

Sr. Presidente: tendo eu condenado no Senado as condições em que foram criados os Altos Comissários, e não me arrependo dessa atitude, quando fui Ministro das Colónias, não quis, no emtanto, de maneira alguma praticar qualquer acto que pudesse prejudicar a sua acção, para que não se concluísse que eu só que-