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20 Diário da Câmara dos Deputados

serviços são autónomos, a operação veio prejudicar o Orçamento Geral do Estado, na parte relativa aos juros a cobrar.

Isto, Sr. Presidente, não se compreende, pois que uma instituição do Estado devia ser a primeira a dar o exemplo do bom, caminho, para ter autoridade para lazer entrar os outros nesse mesmo caminho.

Nestas condições, sendo absolutamente ilegal a operação feita pela Caixa Geral de Depósitos e demonstrado que ela prejudicou o Estado, eu gostava que o Sr. Ministro das Finanças me dissesse, sabendo como sabe que houve inconfidências da parte de funcionários do seu Ministério, se S. Exa. vai ou não quando sair daqui mandar fazer um rigoroso e largo inquérito para se averiguar quais foram os funcionários que deram lugar a tam grande especulação e que porventura arranjaram uma fortuna dum dia para o outro à custa da economia particular.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Finanças (Daniel Rodrigues): — Sr. Presidente: devo uma explicação ao Sr. Carvalho da Silva.

Quando me referi à inconveniência de se debater tam largamente na Câmara um assunto desta, natureza, para que os inimigos do regime deturpando os factos não pudessem servir-se dele como elemento de ataque à República, não tive o intuito de me dirigir ao Sr. Carvalho da Silva, porquanto S. Exa. e os seus correligionários que têm assento nesta Câmara são tam Deputados e tam representantes da Nação como os outros Deputados de qualquer facção política. Estou mesmo convencido de que S. Exa. e os seus companheiros, terçando armas pelas suas ideas, o fazem com lealdade e correcção.

É, porém, legitimo e natural que eu manifeste o desejo de que se evite que, deturpando propositadamente ou por ignorância os factos, se ataquem as instituições vigentes.

O facto de eu ter feito aqui o elogio justíssimo do empregado superior da Caixa Geral de Depósitos que dirige as operações cambiais e de ter citado entre as suas qualidades a do ser um bom republicano, não significa o propósito de o pôr em confronto com aqueles que não têm as mesmas ideas; mas para se ser bom republicano tem do se ser honesto e êsse funcionário acumula as duas qualidades.

Deseja o Sr. Carvalho da Silva que o Ministro das Finanças mande proceder a um inquérito rigoroso para se averiguar da autoria da inconfidência que deu em resultado a especulação.

S. Exa. pede-me o impossível, visto que é extremamente difícil encontrar ou descobrir êsse inconfidente.

Já no regime deposto a inconfidência era a regra de cada dia e muitas vezes foram divulgados segredos do Estado som nunca ser possível descobrir a autoria da inconfidência e no entanto quantas vezes o inconfidente estava junto do soberano...

A inconfidência, visto que é um defeito dos homens, também existe na República, mas eu afirmo que pode dar-se o caso da inconfidência de quê estamos tratando ter sido proveniente de circunstâncias ocasionais e não da falta de cumprimento dos funcionários.

Parece-me, portanto, impossível satisfazer o» desejos de S. Exa.

Por último, referiu-se o Sr. Carvalho da Silva à minha paixão política a propósito da forma como falo das Instituições que sirvo.

Creia S. Exa. que eu no exercício das minhas funções só tenho a política dessas funções, não tendo outra paixão qualquer.

Tenho dito.

O orador não reviu,

O Sr. Presidente: — É a hora de se passar à ordem do dia, Foi aprovada a acta.

Projecto de lei

Do Sr. Carlos Pereira e mais oito Srs. Deputados, encorporando em área administrativa da freguesia de Nogueira, concelho de Braga, os edifícios e terrenos actualmente na posse da Irmandade de Santa Maria Madalena do Monte.

Para a comissão de administração pública,

O Sr. Presidente: — O Sr. Carlos de Vasconcelos deseja ocupar-se, em negócio