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Sessão de 5 de Agosto de 1924 13

viver os Governos que apresentam más propostas.

Quem não cumpre êste dever parlamentar pretende, não que haja um Parlamento, mas um Solar cios Barrigas.

A verdade é que só julga que o Parlamento só pode viver deixando de ser Parlamento, isto é, vivendo em regime de Cumplicidade!

Mas, se viver em regime de cumplicidade, em regime de acordos, é uma cousa que evidentemente falsea a própria instituição, pregunto eu porque é quê não nos fornecem razões.

Porventura, e seria a única cousa que haveria aqui a discutir as razões do lado de lá são melhores que as nossas?

Somos nós que estamos sistematicamente fechados a ouvi-las, Mo respeitamos os seus raciocínios, mio nos curvamos perante as manifestações da sua inteligência e apenas agarrados a uma intransigência absoluta não vencemos razões com razões?

Não faço qualquer ofensa à maioria dizendo-lhe que, em minha consciência, pondo ás mãos como se fôsse um crente — e desgraçadamente não o sou — no Evangelho, não reputo que do seu lado se tenham dado razões convincentes.

Ainda ontem não saí daqui convencido de que a operação da Caixa Geral de Depósitos tinha sido absolutamente, moral.

Apoiados.

Mas, o que é mais, é que muitas vezes a maioria não nos dá, sequer, a consideração duma resposta; e quando nós apresentamos razões insofismáveis, anuncia nos jornais que vai chamar numero suficiente para as votações.

Pois, aguardando êsse número, nós vamos discutindo êste parecer, estando ainda convencidos de que, entretanto, se poderia fazer cousa melhor.

À fôrça do número atiramos com a coragem das nossas razões.

Elas irão para um terreno que é tam árido como um deserto; elas não serão ouvidas, serão sistemàticamente desprezadas, mas dá-las hemos com grande convicção e com a certeza de que bem servimos assim o país.

E acredite a Câmara: emquanto tivermos essa certeza, não há cousa alguma que nos faça recuar!

Não somos demasiadamente intrépidos, mas algumas vezes já temos demonstrado na vida que não somos demasiadamente cobardes.

Apoiados.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Finanças (Daniel Rodrigues): — Sr. Presidente: tenho ouvido com a máxima consideração, atenção e desejo de aquirir algumas ideas úteis para o aperfeiçoamento da matéria em discussão, as razões e alvitres dos ilustres Deputados que usaram da palavra sôbre o parecer que se discute. Porém da atenta audição quê fiz não colhi, infelizmente para mim e necessariamente para o País, elementos que me levassem a isso.

Os Srs. Deputados da direita estranharam o silêncio com que eu me mantive no simples papei de ouvinte, não intervindo com qualquer àparte a rectificar algumas afirmações nem sempre justas e fundamentadas.

Efectivamente, mantive-me nesse papel por julgar que êsse era o mais prudente, sobretudo quando se está numa assemblea como esta, em que ás nossas palavras sendo pronunciadas perante os representantes da nação, têm de ser ponderadas e reflectidas.

Limitei-me a ouvir e convencido estou de que essa minha atitude foi a mais judiciosa.

O meu papel de simples ouvinte não me coloca por isso numa situação deprimente, mas tam somente de respeito pela soberania nacional, cujas apreciações eu desejei religiosamente ouvir, na convicção de que delas alguma cousa de útil poderia tirar para o aperfeiçoamento de uma proposta que naturalmente virá a ser convertida em lei.

Verifiquei, porém, com posar, que dás considerações feitas, quer pela direita, quer pelo centro da Câmara, nada de proveitoso me foi fornecido.

A atitude, assumida pelas direitas é, de resto, a conhecida atitude das oposições, para as quais as razões dos outros nunca são procedentes, por melhores que sejam. E assim, só foi com pesar, não foi com