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24 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Carvalho da Silva: — O Sr. Marques Loureiro é um dos nossos colegas que tratam todas as questões com a maior competência, e por isso êste lado da Câmara associa-se com o maior entusiasmo à proposta de V. Exa., Sr. Presidente.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Justiça e dos Cultos (Catanho de Meneses): — Sr. Presidente: o Govêrno não pode ser indiferente à manifestação que a Câmara acaba de fazer ao Sr. Marques Loureiro, que trata todas as questões com o maior conhecimento delas, e assim está de acordo com a proposta de V. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: — Em vista da manifestação da Câmara; considero aprovada a minha proposta.

Em virtude do adiantado de hora, interrompo a sessão até às 22 horas.

Eram 20 horas.

O Sr. Presidente: — Está reaberta a sessão.

Eram 22 horas e 30 minutos.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Moura Pinto.

O Sr. Moura Pinto: — Sr. Presidente: considerando-me no uso da palavra dentro da ordem, eu passo a ler a moção que vou mandar para a Mesa. Devo dizer a V. Exa. que, usando da palavra pela segunda vez, o faço com a menor contrariedade.

Não sou daqueles que tomam tempo à Câmara com inutilidades ou caprichos de qualquer espécie.

Por virtude de circunstâncias que eu considero de gravidade, eu entendo que toda a acção política que fôr exercida no sentido de satisfazer vaidades, caprichos, ou ambições pessoais, é indiscutivelmente uma má política, que se não deve fazer num país que se encontra, pode dizer-se, a dois passos da ruína.

Entendo, pois, Sr. Presidente, que os homens devem ser cautelosos, pondo de parte todas e quaisquer ambições pessoais.

Não tenho ambições e desafio quem quer que seja a que me prove o contrário.

Eu entendo que a República está seguindo por mau caminho, pois a verdade é que a República não se estabeleceu em Portugal como um regime de especulação nem de perseguições, a não ser contra aqueles que não acautelem os interêsses do Estado, ou que tenham uma moral duvidosa.

Eu entendo que a República se estabeleceu como um regime de ordem e de justiça, e não para remir republicanos, pois, se assim fôsse, eu não estaria aqui. E regime de especulação outra cousa não é a lei que não respeita as crenças de cada um; regime inviável para aqueles que julgam que em Portugal se podem levantar questões que se não levantam em países que se podem considerar países mestres na organização dos governos.

Em Portugal só se podem levantar as questões que o País comporta, pois sendo um pequeno país, de pequenos capitais, país de pequena indústria, não somos outra cousa senão um país de cousas médias, de interêsses médios, que é preciso respeitar, que é preciso alentar, em que é preciso criar todas as condições dê progresso.

Não temos em Portugal grande indústria a expropriar; não temos em Portugal partilhas de terras a fazer; não temos em Portugal grandes fortunas a tributar.

Se quisermos seriamente, sem preconceitos vãos e sem doutrinarismos novos, olhar para a situação do País, temos de reconhecer que Portugal vive dentro da mediania, dentro da modéstia que não comporta os voos gigantescos que alguns dos nossos políticos querem fazer sôbre êle.

Há uma cousa que parece que se vai gradualmente reconhecendo: é que a República, numa dúzia de anos de estabilização, conseguiu radicar-se no espírito da classe média.

É com êste espírito que ela tem de viver.

Ela não é amparada pelos grandes capitalistas mas pelo capitalismo duvidoso de certa rua da cidade de Lisboa; ela não é garantida pelos grandes agricultores que há em Portugal; ela não é garantida pelo grande comércio, se é que