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Sessão de 12 de Agosto de 1924 27

Pregunto se não vale a pena considerar que não podemos afastar do regime todas aquelas iniciativas e todas aquelas dedicações capazes de pôr a República acima de tudo para a paz de que precisamos.

Aos meus colegas da extrema direita eu direi que não podendo o País ser salvo por uma monarquia, há que, realmente, mantê-lo e fazê-lo progredir dentro duma República.

Mas se tenho de afirmar isto à extrema direita, também tenho de preguntar o que é que hei-de dizer na propaganda; e assim eu pregunto a V. Exa. o que é que uma pessoa pode fazer encontrando-se entre êstes dois dilemas, isto é, entre uma República que pode ser perigosa para o País e a impossibilidade de se regressar à forma antiga.

Metido, entalado, permitam-me o termo, pois que é pouco parlamentar, entre uma monarquia, que é impossível, e uma República radical, que não tem razão de existir, eu pregunto a V. Exa. que dados tenho eu para fazer essa propaganda perante êsses homens que estão dentro da República, pequenos proprietários rústicos, pequenos e modestos proprietários urbanos, pequenos e modestos industriais e pequenos e modestos comerciantes?

Não sou, Sr. Presidente, pessoa que possa fazer essa propaganda, pois a verdade é que tenho o vicio da República.

Nós, os que pertencemos ao Partido Nacionalista, não temos o património da defesa do regime, pois a verdade é que a responsabilidade da situação em que nos encontramos pertence em grande parte ao Partido Democrático; porém, entendo que êsse partido não pode fazer essa defesa em quanto não modificar radicalmente o seu programa.

Tenha o Partido Democrático a coragem de fazer tábua rasa das afirmações feitas na propaganda, tenha o Partido Democrático a coragem de afirmar novos princípios e novas ideas, e então o meu Partido poderá bem com o Partido Democrático, porque, engrossado com a opinião consciente do País, nós não mais seremos minoria, porque passaremos a ser maioria, modificando assim o tabuleiro da nossa política.

Afirmam V. Exas. que não respeitam a propriedade, que têm pela família, ligeira molécula sujeita às mais radicais modificações, um determinado desdém e que não respeitam as crenças dos outros.

E depois disso, vamos para as eleições.

V. Exas. farão as suas afirmações, nós faremos as nossas.

Se formos os vencidos, governarão V. Exas.

Mas dentro dêste país, que continua a ser católico a despeito da Lei da Separação, que tem proprietários a despeito das promessas da divisão dos incultos que não sei onde estão, estou convencido de que nós não seríamos os vencidos mas sim os vencedores.

E, a propósito de incultos, permitam-me V. Exas. que eu laça uma ligeira digressão.

Os incultos ou são propriedades que precisam dum largo tempo de pousio e do auxilio da Companhia da União Fabril (Risos) para poderem produzir, ou são as serranias da minha Beira, que têm doas utilidades: logradouro dos povos e dos gados.

E no dia em que um estadista colossal conseguir realizar a obra maravilhosa de fazer cultivar as charnecas ou as extensas planíces do nosso país, teria de defrontar-se com as serranias de Manteigas, Gerez, Marão, Gardunha e Serra da Estrela, destinadas ao pasto do gado, sem o qual não teríamos lãs, nem manteigas, nem queijos.

São êstes, Sr. Presidente, os baldios que estão em Portugal em maré de incultos. Mas êles não pertencem a ninguém, pertencem à colectividade, às juntas de freguesia, pertencem aos povos, de que eu, nem mesmo socorrendo-me de Herculano, poderia precisar a origem.

E ai de quem atentar contra essas propriedades; que são de qualquer forma bolchevistas!

Esta é a propriedade comum, êste é um regime comunista na sua mais pura acepção o ninguém tolerará que ela seja cultivada.

De forma que neste aspecto, como em todos os outros, eu tenho a impressão de que os nossos estadistas devem ser obrigados pelo Parlamento a irem passar, pelo menos os meses de Setembro e Outubro, lá fora.

Estou convencido que, se os estadistas classificados de 10 valores para cima fôs-