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26 Diário da Câmara dos Deputados

dos são a expressão de uma corrente nacional, ou até onde são correntes pessoais que não representam dentro do País senão desejos e vanglorias de mando.

Esta questão do inquilinato estava de há muito resolvida, se, no final de contas, os homens que devem ser legisladores e não depositários de cousas, por mais justas que sejam, deliberassem considerar a valer êste problema.

Mas, porque não acontece assim, encontrámos os nossos esfôrços a debaterem-se no ar, por falta de disciplina dos organismos, que deviam dar o exemplo.

Encontrámo-nos a debater com inutilidades e caprichos, sem querermos atacar a fundo a questão.

Sr. Presidente: em Portugal a questão do inquilinato está a começar, ao contrário do que sucede em outros países, onde já está acabada, e, se não fôsse a muita confiança que tenho no Parlamento, eu diria que não queremos resolver nada mas apenas dar uma solução de momento que prorrogue novas irritações, novos incidentes, que dêem margem a que, semestralmente, como nas outras leis de inquilinato, apareçam também estadistas a que eu chamarei semestrais.

Em todos os países se tende para o regresso ao direito comum, e seriam insensatos todos os homens que quisessem estabelecer leis firmes sôbre circunstâncias movediças.

Em todos os países, os legisladores procuram acautelar o Direito antigo, e fazem bem.

A República Portuguesa estabeleceu-se em determinadas normas, afirmadas nos tempos da propaganda, e alguma responsabilidade eu tenho delas.

Nestas circunstâncias, eu pregunto a V. Exa., Sr. Presidente, e à Câmara, para que postergar êsses princípios e essas afirmações, somente porque circunstâncias excepcionais se nos apresentam em campo!

Para que postergar êsses princípios e essas afirmações, se eu faço parte do número de Deputados que afirmaram, acima de tudo, o Direito antigo, se nós afirmámos que aquelas eram as disposições, dentro das quais os, cidadãos julgavam exercer a sua actividade profissional, trabalhando!

Eu compreendo que Deputados independentes dissessem que circunstâncias derivadas de um grande cataclismo os obrigavam a manter determinada doutrina, mas são cegos que não vêem, surdos que não ouvem.

Eu fiz aqui o meu primeiro discurso, nesta casa do Parlamento, e mostrei logo quais as ideas de transigência, dêste lado da Câmara.

Nós queremos a tranqüilidade do domicílio, mas queremos a justa compensação daqueles que são proprietários.

Nós queremos uma República nobre e honrosa, mas vamos por mau caminho, pois todos estão obcecados, ou vivem dentro de um capricho.

Sr. Presidente: se da parte de um partido dos católicos, ou dos Deputados independentes, ou do grupo de Acção Republicana, partir uma idea aceitável, porque não se vai por diante com ela?

Há palavras que valem mais pela retumbância do que pelas ideas que representam, e assim a palavra radical, se não fôr bem dirigida, pode dar lugar a questões bem confusas e perigosas dentro do País.

Há quem, em nome da palavra radical, queira arrancar todas as raízes que julga más, para edificar um novo edifício.

Não sei até que ponto a palavra radical está perturbando os espíritos.

Nós vivemos muito de imitação, quando eu queria que fôssemos originais.

Nós vemos o que se está fazendo em Inglaterra, em França e na própria República dos Soviets, essa obra colossal dos Soviets, que sob o ponto de vista económico organizaram uma estatística para verem e avaliarem as medidas que teriam de promulgar, uma obra grandiosa, que nós não temos.

E preciso que nós meditemos bem nisto.

Meditando, nós veríamos, que a sua obra económica tende ao alargamento da cultura e ao regresso à abominável e criminosa moeda ouro; que na Rússia se pretende dar incremento às indústrias que podem constituir uma base de progresso na vida económica e financeira.

Na Rússia encontramos alguma cousa que não encontramos na nossa República, que não me atrevo a considerá-la sovietista, porque não dou aos pequenos homens quê a perturbam categoria suficiente para lhes chamar chefes dos soviets.