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Sessão de 12 de Agosto de 1924 25

em Portugal há um grande comércio. A meia dúzia de grandes industriais, ou grandes comerciantes, não vale a pena considerar para o cômputo das garantias que oferece a estabilidade do regime.

O regime vive, pois, em Portugal, pelo que se pode chamar modestos proprietários, modestos comerciantes e modestos industriais.

Estas são em Portugal as fôrças sôbre as quais se pode apoiar o regime.

Falta muito em Portugal uma qualidade, que é o bom senso, e não podemos ir procurar êsse bom senso senão dentro destas classes médias, que representam para mim a fôrça e a resistência da raça.

Não podemos argumentar em Portugal com exemplos similares do estrangeiro.

Na França, na Inglaterra, os dois grandes países que constituem para Portugal qualquer cousa, como os figurinos, tenho tido ocasião de ver na minha modesta, mas necessária observação de político, que existe o bom senso em todas as camadas, nas mais avançadas e mais retrógradas.

Assim num dado momento a França e a Inglaterra são tomadas por assalto por uma —corrente digamos assim — ultra-conservadora.

Há ainda que fiar no bom senso e no equilíbrio que essas classes conservadoras são capazes de manter, insusceptíveis de se apaixonarem nas suas medidas, na sua acção vitoriosa sôbre as correntes opostas.

Mas é preciso acentuar que não é fácil o assalto à opinião pública para uma conquista do Poder.

Como vivem em França e Inglaterra as classes avançadas?

E com orgulho que podemos constatar que dentro das classes avançadas existe um equilíbrio tam grande, como se a conquista do Poder tivesse sido feita pelas classes conservadoras. Quere dizer, qualquer que seja a corrente que prevaleça nos países largamente educados para o progresso, nos países onde haja opinião pública, há sempre um equilíbrio, um bom senso, de forma que conservadores e radicais só impõem de tal arte, que não é possível levantarem-se as outras classes, por terem, em frente de si o orgulho vitorioso, ou o capricho, ou a vã glória do mando daqueles que venceram.

É que nos países assim grandes, os homens que vencem têm uma prudência enorme em usar da vitória, o os homens que são vencidos sentem que o foram em face de uma opinião e não de um capricho de quem quer que seja.

Ou criamos em Portugal um estado de consciência análogo, ou nós nos perdemos.

E perdermos um regime que é condição do progresso de um país, é já muito; mas, perder uma Pátria, é um crime, e o que se está fazendo representa capricho pessoal dos homens, dos homens que não têm princípios doutrinários, dos homens que não têm estudado nada, dos homens que não falam nada, dos homens que não apostolizam nada e apenas se vão apoiar nos egoísmos, nos interêsses, nas paixões mesquinhas, seja de quem fôr.

A êsses homens, que eu não poderei designar por um termo que seria duro, eu chamarei apenas insensatos, porque nos levam inconscientemente para um queimadouro, onde ninguém se salvará, nem mesmo êles próprios.

Apoiados.

Vã popularidade? Desejo de agradar?

Não sei.

Ausência de carácter, especulação feita em torno de cousas vãs, de inúteis cousas, do mentirosas cousas, ou criminosas, cousas?

É possível.

Mas isso não é governar.

Se os homens dentro dos partidos se não encontram bem, tenham a coragem de sair dos partidos onde não cabem e façam novos partidos.

Apoiados.

Há largos anos que vivo dentro do mesmo partido.

Sirvo dentro do mesmo partido, tenho o respeito exacto pelos outros partidos, que não posso deixar de ter, porque quero tolerância, e o triste defeito dos portugueses é a intolerância malévola, porque é caprichosa, porque não repousa em doutrinas.

Sr. Presidente: nós estamos há largos dias metidos dentro de uma questão, em que de um lado não existe senão a idea fundamental da classe média, e do outro um fantasma duvidoso, em que se não sabe que ideas há.

Não pode ser.

Precisamos de saber até onde os parti-