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20 Diário da Câmara dos Deputados

Vou responder a dois ilustres parlamentares.

O Sr. Nuno Simões é um velho colega e amigo, tendo-nos encontrado quando as nossas ocupações eram de menores cuidados.

É um republicano susceptível de prestar grandes serviços ao País.

Tive também a honra de ser objectivado pelo ilustre Deputado, o Sr. Ferreira da Rocha, distinto e arguto parlamentar e homem entendedor e autoridade em assuntos financeiros.

S. Exas. trataram o assunto com aquela elevação que enobrece o Parlamento, e a mim as suas palavras só deram motivos de muita satisfação, porque, sem afectarem a minha sensibilidade, me colocaram à vontade para tratar com a mesma calma e lógica a questão, como S. Exas. fizeram.

Sr. Presidente: êste debate sendo, como disse, útil e necessário, fez, entretanto, uma atmosfera especial, quer sob o ponto de vista político e inter-partidário, quer sob o ponto do vista moral, porque embora o assunto não tenha sido colocado assim, e ainda bem para a República, lá fora a questão moral levantou-se.

Dêste debate há-de resultar proveito para a República e para o País, mas não ignoro o ambiente em que se fez, e sei que sentimentos insofridos e ambições irrequietas não deixarão de se exprimir, não para ferir o Ministro das Finanças, mas o Govêrno de que faço parte.

Não é com simples afirmações de que o Govêrno aumentou a circulação fiduciária, e que a atmosfera, criada por um tal Govêrno é propícia para revoluções, que a revolução surge.

Essa habilidade velha de políticos deve ser já posta de parte, e desculpem-me está divagação, mas era, necessário fazê-la.

Sr. Presidente: nós na República enfermamos de um grande vício, que é a falta de coragem necessária para arcar com os problemas de frente.

Apoiados.

Precisamos não dar mais o espectáculo de cobardia moral na resolução dos problemas mais vitais para a Nação.

Isto não é de agora, e vem já de longa data.

O problema de que hoje tratamos tem uma nota fatídica, que apavora aqueles que têm do realizar qualquer acordo a seu respeito, que seja útil ao Estado.

Mas há circunstâncias que provam a afirmação que fiz.

Porventura a Câmara não reparou como foi encerrada a questão da liquidação dos transportes marítimos?

Acaso, havendo um pouco mais de coragem, êsse problema não seria resolvido com mais facilidade e proveito para a Nação?

Não temos outros problemas de pior resolução que o Parlamento afastou de si sem os ter resolvido, quando os devia ter chamado para serem solucionados com a autoridade da soberania nacional?

Todos êsses problemas podiam aqui ser resolvidos depois de esclarecidos pelo embate das opiniões.

Podia citar vários outros problemas, mas êste dos tabacos é típico, e a êle me vou referir.

Sr. Presidente: o Sr. Nuno Simões veio apreciar o contrato dos tabacos e insinuou que o Govêrno não cumpriu o seu dever, de vir aqui dar contas do contrato assinado.

Essa insinuação, apesar de muito levemente feita, é injusta, porque êsse co.n-trato foi publicado na folha oficial, que todos os Srs. Deputados certamente recebem e lêem.

Portanto, entendo que o Govêrno, publicando o acordo no Diário do Govêrno, dava por esse facto completo conhecimento dele ao País e ao Parlamento, sôbre a forma como tinha procurado resolver o problema.

O Sr. Nuno Simões depois de várias considerações para demonstrar a gravidade do assunto, referiu-se a vários dos seus detalhes, mostrando divergências a seu respeito, fundando-se em argumentos que vou apreciar um por um, para o fim de mostrar a lealdade e a firmeza de consciência com que procurei defender os interêsses do Estado dentro da autorização que foi concedida por êste Parlamento.

Responsabilidades do acordo?

Não é preciso enjeitá-las.

Não vem a propósito fazer referências aos trabalhos realizados pelo Govêrno que me antecedeu nestas cadeiras.