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66 Diário da Câmara dos Deputados

E tanto assim que, preguntando eu ao Sr. Presidente do Ministério, se o acordo em questão tinha sido levado a Conselho de Ministros, S. Exa. respondeu me que sim.

Nestas condições, a responsabilidade é todo o Ministério, e este ou lhe ligou a importância que um assunto desta magnitude merecia, ou não ligou, e então, o caminho que tem a seguir é abandonai-as cadeiras do Poder.

Mas, Sr. Presidente, como não bastasse a moção do Sr. António Maria da Silva, seguidamente foram votados os «considerandos» da moção do Sr. Nuno Simões.

Ora, Sr. Presidente, um Govêrno que num assunto desta magnitude vê votada na Câmara uma moção de desconfiança, que outra cousa não foi a aprovação dos «considerandos» a que me referi,

Então o Sr. Presidente do Ministério ante esta situação verdadeiramente espantosa, não apresenta imediatamente a sua demissão, e vem hoje à Câmara pedir que retiro a sua moção d.« desconfiança, pedir que aprovem um reconsiderandum?

Melhor seria que o Sr. Presidente do Ministério acressentasse ainda à sua ati-tude um outro reconsiderandum, que o levasse a ver bem os factos e a mostrar-lhe que um Govêrno na situação do actual não pode de maneira nenhuma manter-se nas cadeiras do Poder.

Então o Govêrno do Sr. Rodrigues Gaspar, num assunto de tanta importância, como é o acordo com a Companhia dos Tabacos, vê que a Câmara lhe votou um conselho de tutela para apreciar a obra que êle fez e, apesar de tudo, não pede a sua demissão?

Mas há mais. Foi um dos membros da maioria parlamentar, o Sr. José Domingues dos Santos, quem se levantou para dizer ao Govêrno que tinha andado muito mal, e que, em vez de um monopólio, tinha arranjado mais dois; o da venda e o da importação de tabacos.

Sr. Presidente: é inteiramente impossível que o Govêrno se possa conservar nas cadeiras do Poder; seria o maior golpe dado no prestígio dêsse mesmo Poder. Não pode ser, Sr. Presidente.

Estava-me reservado ver cousas bastante originais; mas confesso que nunca julguei que elas fossem tam originais.

Apesar de sermos adversários intransigentes do regime, somos homens de ordem, e não queremos ver arrastado o prestígio do Poder numa ocasião em que a desordem lavra por todo o País.

Nestas condições, nós lembramos mais um reconsiderandum: é que o Govêrno não pode nem deve ficar na situação desastrosa em que se encontra, e a que parece querer sujeitar-se, o que, confessamos, não esperávamos do Sr. Presidente do Ministério.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ginestal Machado: — Sr. Presidente: apenas meia dúzia de palavras me bastam para expor o ponto de vista da minoria nacionalista, em nome da qual tenho a honra de falar neste momento.

Bem fez o Sr. Presidente do Ministério em querer ã situação do Govêrno esclarecida. Folgo em que S. Exa. não queira situações equívocas, porque de equívocos andamos nós fartos, de há tempos para cá.

Êste lado da Câmara não julga nenhuma moção inteiramente de desconfiança, o apenas assim considera a que foi apresentada pelo meu ilustre correligionário e talentoso parlamentar Sr. Ferreira da Rocha, em nome do Grupo Nacionalista. Essa moção é de desconfiança e continua a exprimir o sentir do Partido a que tenho a honra de pertencer.

Sr. Presidente: de desconfiança considerou o Partido Nacionalista a moção apresentada pelo ilustre parlamentar Sr. Nuno Simões; e se não votou a última é porque não concordou com a maneira que S. Exa. propõe para resolver a questão.

Todavia, os considerandos em si, na doutrina que exprimem, nas afirmações que fazem, são para toda a gente (e o Sr. Presidente do Ministério, que é um homem inteligente, não pode ter dúvidas a êsse respeito) de manifesta desconfiança.

A moção enviada para a Mesa pelo ilustre Deputado o Sr. Nuno Simões é, como não pode: deixar de ser, uma moção do desconfiança.