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Sessão de 19 e 20 de Agosto de 1924 71

O Sr. Presidente: — Fica interrompida a sessão, para a reunião do Congresso, até que esta termine.

Eram 23 horas.

O Sr. Presidente: — Está reaberta a sessão.

Continua a discussão do artigo 7.° do projecto, das estradas, continuando no uso da palavra o Sr. Nuno Simões.

Eram 24 horas,

O Sr. Nuno Simões: — Sr. Presidente: dizia eu que o problema das estradas tem servido para justificar uma insistente campanha contra a administração republicana.

Se outras razões não houvesse para o Govêrno tratar da questão das estradas, bastava esta.

A República pode porém orgulhar-se, não obstante as diatribes dos seus inimigos, de ter levado à vida das povoações progressos e regalias que elas não disfrutavam.

Entendo que em face do problema do desenvolvimento industrial do País, tudo que se tem feito podia ser muito mais, se as circunstâncias do Tesouro tivessem permitido que mais se fizesse quanto a estradas e caminhos de ferro.

O problema das estradas não tem acompanhado os esfôrços da administração republicana, mostrando ao País que ela se interessa pelas aspirações do seu progresso.

Sr. Presidente: todos sabem que o Sr. António Fonseca apresentou em dado momento ao Parlamento uma proposta relativa ao problema financeiro das estradas.

S. Exa. fez todos os esfôrços para que essa proposta, que entrou em discussão, se discutisse aproveitando todas as oportunidades para êsse fim.

Infelizmente as circunstâncias políticas levaram a considerar inútil a estada de S. Exa. no Ministério e não permitiram que eu visse realizado o meu ardente desejo: o de ver a República engrandecida com a resolução do problema das estradas que o País tanto deseja.

Sr. Presidente: quando foi proposta a prorrogação dos trabalhos parlamentares, pedi que se pensasse a sério no problema das estradas, que é uma aspiração do País, como tem manifestado em varias representações das diversas câmaras municipais que têm instado pela aprovação da proposta do Sr. António Fonseca.

De todos os lados houve manifestações de aplauso a êsse meu pedido; mas, como anteriormente, os aplausos não corresponderam a factos.

Haveria muito boa vontade do Parlamento; mas o que é certo é que a discussão da proposta do Sr. António Fonseca passou a breve trecho para segundo plano e todos se esqueceram do somatório das reclamações do País quanto a estradas, sendo essa proposta substituída na discussão por outras propostas aliás menos importantes.

Foram prorrogados os trabalhos parlamentares, e o Sr. Plínio Silva, numa compreensão da necessidade de atender ao problema das estradas, apresentou um contra-projecto, não para evitar a discussão da proposta do Sr. António Fonseca, mas para facilitar a aplicação das respectivas verbas para estradas, e para que o Parlamento fizesse qualquer cousa a êsse respeito, a fim de não se dizer que o Parlamento não atendia o problema das estradas, nem mesmo à sua reparação.

A Câmara deve, portanto, prestar homenagem às intenções do Sr. Plínio Silva e à maneira como concretizou os seus pontos de vista no projecto que apresentou.

O Sr. Deputado e velho amigo Sr. Pedro Pita entendeu que devia formular a hipótese da politiquice poder vir alterar as intenções e o objectivo do Sr. Plínio Silva, e manifestou os seus receio de que em vez de se aplicarem as quantias, conforme as necessidades das estradas, se aplicassem conforme os desejos dos políticos e determinadas oportunidades políticas.

Aos seus reparos eu tenho a dizer que, em questões de fomento, estamos já fartos de ver que muita política se tem feito, e que só devemos fazer obras de fomento à altura das aspirações do País.

O Sr. Plínio Silva trouxe o sou projecto. Faz S. Exa. os seus justos reparos, formulando os seus votos para que, com dignidade e prestígio, do Poder e utilidade para o País quem tivesse de aplicar as verbas que o Sr. Plínio Silva entende de verem ser fiscalizadas pela Administração Geral das Estradas, o fizesse com aproveitamento para as necessidades urgentes do País.