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Sessão de 19 e 20 de Agosto de 1924 75

cessos de que se serviram os nossos trisavôs.

Na verdade, nós ainda não dispomos do material que se adopta na maior parte dos países para a construção de estradas e para a sua reparação. Já hoje aqui ouvi falar na necessidade de aquisição de britadeiras.

Não sei se já temos algumas, mas já as tenho visto funcionar com magníficos resultados, produzindo em poucas horas o que o homem não produz em muitos e muitos dias. Nestas condições, parece-me que seria razoável que em cada uma das Direcções de Obras Públicas houvesse britadeiras para serem utilizadas pelas câmaras municipais, mediante o pagamento duma certa quantia, a título de aluguer.

As estradas municipais — e eu bem o sei porque tenho tido de intervir na administração de um município do País — também chegaram a um estado deplorável. Se nas Direcções de Obras Públicas houvesse britadeiras que pudessem ser alugadas às câmaras municipais, o Estado contribuiria assim para a realização dum importante melhoramento. As câmaras municipais certamente não deixariam de alugar essas máquinas, porque dêste modo com maior facilidade levavam a cabo a obra que lhes incumbe: reparar umas estradas e construir outras.

Visto que falei nas Direcções de Obras Públicas da província, acho oportuno dizer que, infelizmente, nem todos os respectivos directores se compenetram do desempenho da função que têm a seu cargo, do papel que dentro da sociedade portuguesa lhes está distribuído. Tenho conhecido mesmo alguns, até naquele distrito que aqui represento, que, em voz de estarem no seu lugar, como é sua obrigação, passam a maior parte do tempo em sua casa, entretidos com a família, que, por via de regra, não reside na própria localidade, mas lá na terra onde os seus interêsses lhes determinam que viva. E assim, sucede que o funcionário não chega a ter assento na sua repartição, não chega a prestar a atenção devida às cousas que estão a seu cargo; desleixa-se, por completo, no desempenho da sua função e com isso sofrem todos os povos que deveriam beneficiar com a sua autoridade. Constata-se até que as dotações, embora exíguas, acabam por não ser aproveitadas.

Depois, alguns directores não conhecem ou não se informam das condições de vida da região onde vão desempenhar a sua função; e, em vez de conseguirem certas facilidades nas arrematações, não conseguem empreiteiros, não conseguem nada.

Em regra o Estado paga, mas paga tarde e a más horas, e o capital com dificuldade hoje se obtém, a não ser com um juro altíssimo que, pelo menos na minha região, já chega a 25 por cento.

Ora, para a reparação dum troço de estrada, embora pequeno, é preciso despender um capital muito importante, porque aquilo que antigamente se comprava por 3, 4 ou 5 custa hoje 30, 40 ou 50 vezes mais.

Há, também, a mão de obra e quem traz ao seu serviço uma porção de trabalhadores ao fim da semana tem de despender uma grossa importância.

Mas, Sr. Presidente, aqueles indivíduos que são chamados a intervir na resolução do problema tem a obrigação dê agir em harmonia com as condições da vida local; pois, se assim não fizerem, em vez de serem elementos convenientes, passam a ser elementos perminiciosos e inúteis.

Ainda não há muito tempo, Sr. Presidente, que a Câmara de Évora conseguiu fazer una empréstimo para proceder à reparação de determinadas estradas daquela região, e, para o fazer, teve de agir segundo as condições da vida local.

É certo, Sr. Presidente, que se conseguiu arranjar êsse dinheiro para fazer as reparações que eram necessárias; e se bem que o dispêndio fôsse enorme, além daquilo que se julgava, e se tivessem empregado todos os esfôrços no sentido de se realizar essa obra com a menor despesa possível, o que é certo é que a Direcção das Obras Públicas foz reparos, do que resultou nada se ter feito, absolutamente nada.

Já vê a Câmara que desta forma não há maneira alguma de se realizar o que é útil e proveitoso, pois a verdade é que Évora está ligada a Reguengos por uma antiga estrada. Os factos são os factos, e nós não temos outro remédio senão curvarmo-nos perante êles.