O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

74 Diário da Câmara dos Deputados

desviam da orientação que devem ter. Mas isso está nos nossos hábitos.

Disse o Sr. Nuno Simões que o estado das estradas no tempo da monarquia era muito melhor que no tempo da República.

Eu não tenho por hábito faltar à verdade. Eu estimava que me demonstrassem, sé êsses homens da monarquia passassem pelo tempo da guerra como nós passámos, se seriam capazes de realizar as obras que tem feito a República.

Os homens da monarquia tiveram muita ocasião de desenvolver a sua energia. É uma explicação para mim. Milagres ninguém os faz. As circunstâncias agora são muito outras, e os monárquicos não seriam mais patriotas do que nós. Tem sido a fatalidade das cousas que tem imperado nos acontecimentos e que tem servido de arma política aos nossos adversários.

Nós temos a mania de olhar para as cousas que lá fora se fazem, quando afinal o que serve aos outros pode não nos servir a nós.

Posso afirmar, a V. Exa. que êste problema das estradas em todas as nações da Europa tem preocupado muito os governantes.

Sr. Presidente: é um mal de ordem geral: é ainda o mal da guerra.

Eu sei que ò problema da viação faz parte dos grandes problemas nacionais, por motivo de estar intimamente ligado ao desenvolvimento económico do País. Digo isto, porque fácil é de observar o que se passa com qualquer indivíduo estrangeiro que pela primeira vez visita uma nacionalidade. Á primeira cousa que se lhe depara é a viação; e então formam-se juízos e trocam-se impressões sôbre o estado da civilização dêsse povo.

Ora, Sr. Presidente, o bom nome de qualquer Nação, e neste caso o de Portugal, é qualquer cousa que não pode deixar de nos merecer uma grande importância. Eu sentir-me-ia bastante aborrecido se ouvisse qualquer referência que um estrangeiro fizesse às nossas estradas.

É se me magoaria uma referência feita por êsse indivíduo, mais e mais me magoaria, desde que eu soubesse que ela iria junto dos seus compatriotas fazer aquelas considerações que legitimamente deveria fazer, porque eram uma conseqüência do que tinha observado.

Sr. Presidente: que referências teriam o direito de fazer aqueles que transportados, por exemplo, num automóvel tivessem de percorrer os arredores de Lisboa, e que, chegados ao fim, se encontrassem torturados?

Isto acontece todos os dias. Eu mesmo ouço todos, os dias os próprios Srs. Deputados que moram nos arredores de Lisboa queixarem-se com justificado motivo.

Sr. Presidente: disse eu, há pouco, que esta questão está intimamente ligada ao desenvolvimento nacional.

É, sem dúvida, uma verdade incontestável.

Basta ver que qualquer pequeno lugar, afastado dos grandes centros, quando tenha meios de comunicação cora uns grandes centros, transforma logo a sua actividade.

Isto mostra-nos, claramente, que a viação contribui extraordinariamente para o desenvolvimento de qualquer país.

Sendo assim, acho necessário que cada um se apreste com a sua cota parte para a solução do problema que estamos discutindo.

Sr. Presidente: entre nós, êste problema chegou a um tal estado de acuidade, que, apesar de ouvir dizer que é preciso fazer reparações aqui e acolá, na maior parte das estradas não há que reparar: há que as fazer de novo.

Eu poderia citar à Câmara vários exemplos.

Represento nesta casa do Parlamento o círculo de Évora, onde, apesar de ser cidade de importância, há muitos concelhos que não têm ligação com a capital do distrito por estrada macadamizada.

Por exemplo, o concelho de Portei.

É bastante rico; e apesar de, há bastantes anos, se empregarem os melhores esfôrços para se fazer a estrada, nada se tem conseguido.

Nós estamos ainda a resolver êste assunto um pouco «à antiga portuguesa».

Parece que não temos prescrutado o movimento que por toda a parte se nota, o movimento de progresso que plenamente se justifica, pois que não é possível realizar as obras importantes que são necessárias, desde que nos sirvamos dos pró-