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30 Diário da Câmara dos Deputados

Interrompo a sessão até as 22 horas e meia.

Eram 19 horas e 40 minutos.

O Sr. Presidente: — Está reaberta a sessão:

Eram 22 horas e 35 minutos.

O Sr. António Maria da Silva: — Sr. Presidente: seria fastidioso para V. Exa. e para a Câmara que de novo repetisse os intuitos da moção que enviei para a Mesa.

Relativamente à primeira parte, não me cansarei em todo o caso de dizer que não
foi meu intuito - nem isso era necessário — fazer quaisquer declarações de apoio
ou de desapoio ao Govêrno.

Expliquei-o à face da legislação promulgada — parece-me suficiente o que referi a êste respeito.

A segunda parte também por mim foi interpretada num sentido que era exigido por todos os lados desta casa do Parlamento, quanto a inquéritos em relação a um certo número de factos.

Mas esta questão não tem só um valor parlamentar, isto é, um valor político : é uma questão que sai desta casa para ser também discutida pela opinião pública, a qual temos necessàriamente de interpretar, conto representantes que somos "da Nação.

Um outro motivo ainda me levou a usar da palavra: as declarações do ilustre Deputado Sr. José Domingues dos Santos.

Afirmou S. Exa. que este lado da Câmara não apresentava nenhuma moção, e que aquelas que estão na Mesa, e que são da iniciativa de parlamentares do Partido Republicano Português, simplesmente representam a opinião individual dêsses parlamentares.

Tem S. Exa. razão quando diz que êste lado da Câmara não apresenta moções, não tendo reunido a Junta Parlamentar, que é constituída por três pessoas com iguais direitos o iguais deveres.

E já agora, aproveito o ensejo para me referir à circunstância de algumas alcunhas nos terem sido lançadas na imprensa por pessoas que ignoram a organização parlamentar do nosso partido.

É certo também que 0ste grupo não autorizou ninguém a falar em seu nome;
mas êstes assuntos não interessam ao país.

O que interessa é dizer a verdade.

Quando há pouco disse que a declaração era feita em meu nome pessoal, esqueceu-me de dizer que ela não representava só o meu modo de pensar, mas o de bastantes parlamentares do meu partido.

Apoiados.

Considerar uma questão aberta é tirar-lhe todo o significado político; mas por muito significado político que se lhe queira tirar, não é possível iludir a opinião pública.

Isto é o que pensa a opinião do meu país.

É necessário falar a linguagem da verdade, aquela verdade que sempre costumo usar dentro e fora do Parlamento.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Brito Camacho (em àparte): — Para o compreender, é necessário um intérprete!

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Rodrigues Gaspar): — Sr. Presidente: em primeiro lugar devo agradecer à Câmara a gentileza que teve para comigo adiando a questão que se vinha debatendo acerca do relatório que tinha sido apresentado pelo Govêrno, e esperando que o meu estado de saúde permitisse comparecer aqui. Também aproveito a ocasião para agradecer ao Sr. Ginestal Machado os cumprimentos que me dirigiu.

Não podendo fazer um grande esforço de voz, conto com a benevolência da Câmara, para bem compreender a justiça das minhas palavras. Não mo recorda, em qualquer fase da minha vida política, de estar tam tranqüilo e satisfeito com a minha consciência do dever cumprido como neste momento.

Todo o meu intento foi trazer à Câmara um relatório em que o mostrasse que o Govêrno tinha procurado cumprir o que tinha prometido na declaração de Angola; mas o Sr. Ministro das Finanças, e muito bem, trouxe à Câmara uma proposta para que o Govêrno fôsse autorizado a pagar uma conta até 60:000 libras, proveniente do letras sacadas sôbre Angola.