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34 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Hermano de Medeiros (interrompendo): — A obra é de nós todos.

Ninguém a chamará só a si sem os meus protestos.

Àpartes.

O Orador: — Eu não a chamo a mim, e posso dizer que não lhes escangalhei o arranjinho.

Àpartes.

Há pouco ouvi uma referência a um ponto que necessito de esclarecer e explicar à Câmara. É uma questão que pode parecer escura a cada um dos que tenham de dar o seu voto, julgando-a uma cousa diferente do que ela é.

Quando fui encarregado de formar Ministério a primeira cousa que preguntei foi se continuava o bloco que tinha sustentado o Govêrno anterior, porque sem maioria não podia governar.

Vi que realmente existia o bloco, que queria realizar a compressão de despesas e equilíbrio orçamental.

Há aqui uma parte a que sou obrigado a fazer referência, explicando à Câmara a minha atitude.

Quando foi indicado o meu nome, havia outro nome do meu partido, que me parece que até já tinha Ministério constituído, não tendo eu tido interferência para que fôsse o meu nome escolhido.

Tratei de procurar êsse ilustre correligionário meu e explicar que não estava diante dum adversário, e que àqueles que tinham indicado o meu nome o tinham feito para evitar uma divisão;

Àpartes.

É certo que eu era incapaz de me antepor fôsse a quem fôsse. S. Exa. sabia-o bem e estava senhor da situação. Até pedi a S. Exa. para continuar na mesma pasta. S. Exa. deu-me as suas razões, pelas quais entendia que não devia continuar; mas S. Exa. teve a amabilidade de me fazer notar que se em qualquer ocasião visse que ou não marchava bem teria o cuidado de me dizer ao ouvido.

Sr. Presidente: logo após a minha saída do Directório do meu partido, para vir ocupar este cargo, eu comecei a sentir, por um jornal onde alguém tinha interferência directa, a guerra que se fazia ao Govêrno. Ainda êle não tinha praticado acto algum e já começava a ser combatido. Precisamente na ocasião em que o Govêrno mais precisava de toda a fôrça política procurava-se tirar-lhe, desde o início, essa fôrça; precisamente na ocasião em que andava a ordem pública ameaçada e em que havia constantes conspiratas, que se tornavam quási endémicas em Lisboa, procurava-se sempre tirar fôrça ao Govêrno; precisamente na ocasião em que certas fôrças tentavam opor-se ao cumprimento da lei, e em que p Govêrno fazia sentir que a lei tinha de ser cumprida, precisamente na ocasião em que aqueles mais feridos na valorização do escudo queriam por todos os modos alarmar a opinião pública, procurava-se tirar ao Govêrno toda a fôrça política. Mas não se contou que eu era da tal escola que acabei de indicar. Nela se indica que quando se vai para o mar não é para imediatamente marchar para a barra, ma"s para se bater com os elementos antes de lá chegar, e que só quando a nau corre perigo se pensa então na arribada, mas em determinadas condições.

Sr. Presidente: disse-se aqui na Câmara que eu desobedecera ao mais alto corpo dirigente do meu partido. Faço parte dêsse corpo dirigente; tenho feito parte dele em outras ocasiões. Ora, vivi sempre na maior harmonia, com a maior consideração e toda a lealdade, com todos os que me acompanhavam; mas um belo dia sou eu surpreendido por uma moção que partia do Directório do meu partido. Não me admiraria que ela partisse dum partido da oposição que entendesse que não podia conversar comigo e me mandasse por isso nina moção.

Eu, Presidente do Ministério e membro do Directório do meu partido, não fui procurado por ninguém que da parte daquele alto corpo directivo ine viesse dizer as ouvido, ou aos dois ouvidos, que o Govêrno tinha andado mal neste ou naquele ponto; que pela pasta tal se havia cometido êste ou aquele êrro, ou que, emfim, a acção do Govêrno era contrária neste, ou naquele ponto, ao programa do partido.

Fui surpreendido pela moção que o Directório do meu partido, aquele que me colocara neste pôsto, havia aprovado sem que previamente me fôsse dita qualquer cousa.

Sr. Presidente: eu recebi a moção, e foi-me dito logo: o Esta moção é secreta;