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Sessão de 18 de Novembro de 1924 35

é só outro o Directório e V. Exa. Como homem prático, fui logo ler o final dessa moção. Dizia que era conveniente suspender uma cláusula do contrato dos tabacos e que era conveniente nomear a comissão. Tinha sucedido que na manhã do dia em que a moção me foi entregue o Conselho de Ministros resolverá êsses pontos, em virtude de elementos que se colheram dias antes, tendo ou só então conseguido arranjar uma comissão capaz de se desempenhar imparcialmente da sua missão.

Foi-me dito então que estava bem visto que o Conselho de Ministras já resolvera o assunto.

Mas, depois, foi-me chamada a atenção para o considerando da moção.

Nessa parte não tinha eu reparado.

Declarei que ia ponderar e depois responderia.

Fui ao directório do meu partido e expliquei-lhe que a minha sensibilidade política, me dizia que sendo eu membro do directório, achava natural que, antes de qualquer resolução, me tivessem ouvido sôbre qualquer, falta ou êrro que o Govêrno, porventura, houvesse cometido. Mais disse: que achava estranhável que sendo-me dito que a moção era secreta viesse no dia seguinte publicada num jornal a notícia de que o Govêrno estava em terra, acrescentando-se: apanhou agora com uma moção do directório do seu próprio partido.

Declarei também que a minha sensibilidade política me dizia que na ocasião em que existiam tantas ameaças de alteração da ordem pública, toda a fôrça devia ser dada ao Govêrno. Eu sentia que da parte do directório do meu partido se procurasse tirar-me a fôrça; mas ainda afirmava que - emquanto aqui estivesse, dispondo, como dispunha, da fôrça pública, havia de manter a ordem, custasse o que custasse. E felizmente pude manter - sempre a ordem, merco da disciplina o da dedicação do toda a força pública.

No dia seguinte, um jornal cuja inspiração eu conheço bem, dizia que o Presidente do Ministério tinha declarado nesta reunião que nem mesmo podia contar com a fôrça pública.

É num tal ambiente que ou me tenho encontrado a governar.

Alguns dias depois é-me enviada uma nova moção do directório do Partido Republicano Português, moção em que se dizia o seguinte:

Leu.

Ainda há bom pouco tempo vi fazer referências ao facto de haver letras protestadas o de não ter sido convocado o Parlamento. Mas a que propósito veio esta observação quando se tratava da questão das letras? Estava o Directório do Partido Republicano Português, porventura, ao facto do caso das letras?

Sr. Presidente: nós devemos ter sempre a consciência das circunstâncias em que vivemos. Quando eu assumi a presido Ministério encontrei—o que, de rosto, não pode constituir novidade: uma latente má vontade contra o Parlamento. Chegou-se a pensar em lançar mão de meios os mais violentos para fechar o Parlamento uma reunião das Juntas de Freguesia, por exemplo, houve quem sustentasse a necessidade de ir para as galerias da sala das sessões a. fim de obrigar o Parlamento a votar a lei do inquilinato. No seio dessas Juntas eu tive então ocasião do dizer: se V. Exas. querem seguir o conselho dum velho, eu dir-lhes hei que não é necessário recorrer a meios violentos absolutamente condenáveis. Nós lá estaremos; e actuaremos de forma a levar o Parlamento a cumprir o seu dever.

O Parlamento não poderia estar à mercê dum chefe de Govêrno que de manhã acordasse na dúvida de que a maioria lho continuava a dar o seu apoio, e começasse a fantasiar dificuldades:

— Estará a maioria com o Govêrno?

E se não está? Terei ainda possibilidades constitucionais? Não! vamos para Belém, a pedir ao Sr. Presidente da República a convocação do Parlamento. Estou mesmo a ver o agrado com que todos V. Exas. acorreriam a Lisboa para me ouvir preguntar-lhes se ainda estavam de acordo com uma moção que me tinham votado anteriormente.

A quem mo foi levar essa moção, eu preguntei: — Mas que razões têm os senhores, em que se fundaram para aconselhar o Presidente do Ministério a reunnir o Congresso? — Não sei — respondeu-me essa pessoa — Fui apenas incumbido de transmitir a moção que foi votada. Ninguém me disse e ainda hoje estou por saber o que mo havia de levar a fun-