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38 Diário da Câmara dos Deputados

dizer que eram adiantamentos, sem ver que êsses Adiantamentos não eram como no tempo da monarquia.

O Sr. Carvalho da Silva: - V. Exa. sabe bem que o termo adiantamento está nesse documento.

V. Exa. sabe que êsse funcionário em Londres fez também adiantamentos.

Lastimo que V. Exa. esteja a considerar normal um tal procedimento. Isto mostra o que é a moral do regime e, como anda a moral republicana!

O Sr. Ministro das Colónias (Bulhão Pato) (interrompendo): — Ainda não foi feita essa consulta ao Sr. Alto Comissário.

Eu ainda não mandei informar.

O Orador: — Devo dizer a V. Exa. que na moral republicana o que se faz é fornecer todos os documentos para que V. Exa. possa apreciar os assuntos; e a moral monárquica é fazer afirmações que são falsas, sem provas, porque um documento solto de nada serve.

É preciso que não se confundam escândalos com actos que não o são.

É, muito fácil fazer acusações; mas é necessário provar que êsses escândalos têm fundamento.

As discussões apresentadas envolvem acusações ao Govêrno, que eu não posso aceitar; mas sob o ponto de vista de se fazer um inquérito, declaro que o aceito, para que não se façam acusações injustas desta natureza e para que tudo com justiça se esclareça.

Creio ter esclarecido tudo, e que pelas minhas explicações a Câmara pode avaliar bem dos actos do Govêrno; mas se a Câmara entender que nesta questão se deve pôr a questão política eu não terei mais do que acatar a resolução da Câmara;

Não terei, Sr. Presidente, senão que acatar a resolução da Câmara a respeito das moções que se encontram sôbre a Mesa, devendo porém dizer que, sendo a moção apresentada pelo Sr. António Maria da Silva a única que põe a questão claramente, ela já em parte se acha satisfeita pela comissão que foi nomeada pelo Sr. Ministro das Colónias e que vai proceder a um inquérito.

O Sr. António Maria da Silva (interrompendo): — Eu creio que V. Exa. não deverá ter repugnância em que seja nomeada uma comissão competente para apurar o que há sôbre o assunto.

O Orador: — Devo dizer a V. Exa. que me não repugna de maneira nenhuma que seja nomeada uma comissão para averiguar o que há de verdade sôbre a administração da província de Angola.

Se bem que, Sr. Presidente, eu tivesse na outra casa do Parlamento sido contrário à nomeação dos Altos Comissários, devo dizer em abono da verdade que entendo agora que, para Angola, se torna absolutamente necessário o Alto Comissário.

Sr. Presidente: eu vou concluir as minhas considerações, não podendo no emtanto deixar de dizer que é com grande pesar que vejo que, não obstante o Parlamento ter sido convocado extraordinariamente para discussão e votação dos orçamentos, essa discussão ainda não se tenha começado. A culpa, porém, não é minha, pertencendo única e exclusivamente ao Parlamento.

Para terminar devo dizer, Sr. Presidente, que me sinto muito bem coma minha consciência, tranqüilo Se ter cumprido o meu dever, pois a verdade é que tenho procurado bem servir a Pátria e a República, publicando medidas tendentes a baixar o - valor da libra, valorizando - desse modo a nossa moeda.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Carvalho da Silva (para explicações): — Sr. Presidente: não voltaria a usar da palavra neste debate se o Sr. Presidente do Ministério me não tivesse directamente chamado a êle. Julgava que ao tratar-se duma questão da importância daquela que se tem ventilado nesta Câmara não desceríamos à discussão destas pequeninas cousas que se passam nas divergências dum Partido; julgava que o Sr. Presidente do Ministério, acusado com as mais justificadas razões de ser, abaixo do Alto Comissário de Angola, o maior responsável do descalabro daquela província pelos prejuízos que à economia da nação e à situação financeira do Estado advêm da sua negligência e fraqueza na administração da pasta das Colónias du-