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Sessão de 18 de Novembro de 1924 33

Sr. Presidente: quiseram utilizar êste facto para resolver uma questão política. lealmente, esta tarde, verifiquei que se tinha andado à procura de qualquer cousa para deitar o Govêrno abaixo. O Govêrno é a suprema aspiração de certos políticos! Deitar abaixo Governos, para abrir vagas nestas cadeiras tam cobiçadas, é a alegria especial que certos entes sentem.

É o que se chama fazer uma partidinha.

O Sr. Lopes Cardoso: — Peço a palavra.

O Orador: — Sr. Presidente: eu nunca andei pelos corredores ou pelos cafés a armar intrigas, nem a mostrar desejos de ser chefe do Govêrno. Podia ter-me isso passado pela cabeça, mas por acaso, nunca me passou; e, como fui sempre intransigente na unidade partidária, única forma que vejo de se poder, administrar com proveito, quando me disseram que era necessário que viesse ocupar êste pôsto, quando se apelou para o ponto doutrinário que tenho sempre em vista, entendi que não devia negar-me àquilo que bem via ser um sacrifício.

Nunca me neguei a desempenhar qualquer missão que os dirigentes me incumbissem, porque tenho uma educação militar.

A Câmara desculpar-me há que entre no detalhe de alguns promenores, mas isso é absolutamente indispensável.

Os Governos não assumem êste cargo para, ao primeiro piparote, caírem. Quem vem para o Govêrno deve saber que vai arrostar com grandes responsabilidades e com muitas dificuldades; e se a isso não está disposto, não aceita.

Desde que o aceita, o seu dever é trabalhar. Foi o que fiz, sabendo, no emtanto, que ia desagradar a muitos.

Todavia fiquei bem com a minha consciência de ter servido a República de modo a que ninguém me possa acusar de, ter colocado os meus interêsses particulares acima dos interêsses do País. E por êste motivo, repito, que estou bem com a minha consciência, pois coloquei acima dos interêsses do meu próprio partido os interêsses da República.

Agüentei-me e agüento-me até a hora em que o País, por intermédio dos seus representantes, mostre que há uma desarmonia entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, e então saberei o que hei-de fazer.

Mas não é por portas e travessas, não é por meios que quási posso considerar imorais, que se deita fora um Govêrno. É preciso que tenhamos respeito pelos dois poderes.

Sr. Presidente: tenho o meu modo de ver especial no cumprimento dos deveres: é a escola que levei de criança, isto é, a escola da liberdade com o respeito pela opinião de todos. Junto a isto tive a escola marítima, que é uma grande escola.

V. Exas. hão-de ter visto, que todos os actos da nossa vida se ressentem dos primeiros conselhos que tivemos, da orientação dos primeiros passos.

Em mim, até mesmo se ressentem da orientação da minha vida particular, e às vezes também da minha escola marítima. Todos V. Exas. se ressentem das escolas que tiveram.

Sr. Presidente: eu não conheço Govêrno que tanto se tenha contrariado e tantas resistências tenha tido; e contudo, a minha declaração ministerial foi até classificada de muito pequena a mais curta que tinha sido apresentada.

E eu disse:

«Oxalá que eu a possa levar a cabo».

Nessa obra de Govêrno tinha-se como cousa, principal a compressão das despesas e a melhoria cambial.

O Govêrno encontrou a libra a 160$ e hoje está a 101$.

Uma cousa consoladora para o Govêrno foi ver que a massa popular apoiava a sua obra.

Todos os dias, de norte a sul chegam essas manifestações de apoio da massa popular. Isto mostra que essa massa está satisfeita com a administração pública.

Todos desejam que se continuo essa obra.

Àpartes.

Se a obra do Govêrno não se pudesse continuar, o conflito não era entro o Poder Executivo e o Poder Legislativo: era entre o Poder Legislativo e a opinião pública.

A opinião pública, mesmo a da província, tem dito que êste Govêrno tem feito uma obra boa.

Àpartes.