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22 Diário da Câmara dos Deputados

seu acto. Uma pessoa inteligente pratica um acto com consciência e premedita.

Apoiados.

Tive vontade de falar depois do Sr. Álvaro de Castro, embora inscrito antes, não porque tivesse a pretensão de tomar rumo oposto àquele que S. Exa. tomasse. O que desejava era ver se da discussão de S. Exa. resultava alguma cousa que, ao menos, determinasse a votação que, porventura, a Câmara vai tomar.

Mas, S. Exa. foi buscar apenas no abuso o sou argumento, o único.

Abusos cuja defesa nada justifica, e ainda menos outro abuso.

Serviu se do abuso como arma, arvorando-a em defesa da Constituição.

Não sou dos que duvidam da sinceridade dos homens. Não duvido da sinceridade de que foi meu companheiro de tantas horas de luta.

Foi o meu chefe, e não posso duvidar da sinceridade de S. Exa. quando se bateu pela República.

Bateu-se em Santarém pela Constituição o pela República; e em 14 de Maio também se bateu por ela. Não esqueço êstes factos, que admiro.

Mesmo no seu discurso S. Exa. — há que reconhecê-lo — nada disse, nada argumentou: apenas se fez defensor de uma prática que é um abuso, repito.

Apoiados.

Como me sinto bem neste momento defendendo os princípios constitucionais!

O Sr. Álvaro de Castro (interrompendo) : - Não o fez V, Exa., mas fizeram-no colegas do seu Ministério,

O Orador: — É a história do lobo e do cordeiro: se não foste tu, foi o teu pai, ou o teu avô ou o teu bisavô.

Risos.

O Sr. Álvaro de Castro: — Mas V. Exa. assumiu as responsabilidades políticas dos seus colegas.

O Orador: — Assumi-as apenas para cair.

Sr. Presidente: no meio do seu discurso o Sr. Álvaro de Castro foi interrompido pelo Sr. Vasco Borges, que teve com êle um diálogo interessante e tam interessante que tivemos ocasião do verificar, não sendo bem o caso de ralharem as comadres e descobrirem-se as verdades, que o Sr. Vasco Borges se confessou réu de um crime e o Sr. Álvaro de Castro declarou que se ainda hoje estivesse no Poder usaria desta autorização. Para mim, que considero êsses factos criminosos à face da Constituição, tenho de reconhecer que S. Exas. se acusaram mutuamente.

Temos tido o podor bastante para fazer unir pedras estas, para sermos o papão que à criança pequena faz tremor apavorada só com idea que surge, em vez de ser numa noite escura, num dia, embora cheio do sol e de luz. Temos sido o papão que consegue unir aqueles que se acham irredutíveis; temos sido o papão que tem conseguido dar uma certa aparência de homogeneidade a uma cousa que toda a gente sabe que não existe...

Eu sei que nós, os que atacamos como eu ataco, somos porventura menos odiados por alguns do que o são aqueles que de mãos dadas e do braço dado se encontram há meses...

Não tenho porventura tanto mal querer de alguns como outros a quem aparentemente estão unidos.

O que é necessário, é que não governemos! Faz-se tudo para isso evitar!

O Sr. Cunha Leal: — V, Exa. dá-me licença?...

Todas as pessoas que andaram na Escola do Exército no meu tempo devem lembrar-se de um professor que logo dó entrada nos dava a seguinte lição de moral:

«Regula-se a nossa vida por um código que tem três artigos:

1.° António, tratado ti. — O professor em questão chamava-se António.

2.° Trata de ti, António.

3.° António, continua sempre a tratar de ti!...».

Risos.

O Orador: — Se não é censurável que os nossos adversários não queiram ver-se afastados das posições que ocupam, é, no emtanto, muito criticável que cheguem ao ponto, para isso, de esquecerem o que devem ao seu País e à República.