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Sessão de 20 de Fevereiro de 1925 23

Creio, por exemplo, que, ao fazer-se a demissão de um homem como o comandante Rodrigues Gaspar, não há o direito de eliminar do decreto de demissão as palavras que não se regateiam a ninguém, do que "serviu com lealdade, com zelo e patriotismo". A ninguém é lícito neste País duvidar das qualidades de patriotismo e de lealdade do Sr. Rodrigues Gaspar.

Apoiados.

Sinto que é necessário fazer dentro dêste País uma sementeira de princípios.

A todos é lícito aspirar ao Govêrno, a todos 6 lícito desejar ocupar as cadeiras do Poder, porque numa democracia a todos 6 lícito aspirar ao Poder, mas, o que não é lícito é desperdiçar energias num País que precisa da união de todos para o seu progresso.

Apoiados.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Plínio Silva: - Sr. Presidente: V. Exa. faz-me a fineza de me dizer a que horas interrompo a sessão?

O Sr. Presidente: - Não é intenção da Mesa interromper a sessão.

O Orador: - Emquanto tiver voz e fôrças não mo calarei, referindo-mo ao assunto que o Sr. João Camoesas trouxe para a discussão o lamentando que o tenha feito.

Pausa.

Diversos Srs. Deputados acercam se do orador pedindo lhe para tratar do assunto noutra sessão, em virtude do adiantado da hora.

O Orador: - Habituado a considerar muito, como devo, todas as pessoas, e não querendo prejudicar o debate da apresentação do Govêrno, com o assunto que o meu colega, o Sr. João Camoesas, tratou no final do seu discurso, eu, acedendo às solicitações que alguns ilustres Deputados, meus amigos, acabam de me fazer, reservo-me para falar mais tarde, esperando de todos o seu voto para que na primeira sessão depois do férias eu possa tratar do assunto em negócio urgente, com aquela largueza que êle requere.

Apoiados.

Como, porém, o Sr. João Camoesas proferiu certas palavras que, estou certo, não foram ditas com o objectivo de me fere ou magoar - porque lhe presto a justiça de que, se tivesse êsse propósito, o não faria de uma maneira velada, mas como é próprio do seu carácter e do seu hábito - eu vou desde já responder a essas palavras.

O Sr. João Camoesas (interrompendo): - Eu não visei pessoas, mas sim um acto.

O Orador: - O Sr. João Camoesas não proferiu o meu nome, mas proferiu o do nosso colega Rodrigues Gaspar, e, por isso, eu nXo posso limitar-me às palavras que já proferi, mais algumas devendo ainda pronunciar.

Não mo importo com as opiniões precipitadas que alguém possa formular acerca dos meus actos.

Apoiados.

As pessoas que sinceramente me consideram, as pessoas que sinceramente são minhas amigas o as pessoas que sinceramente neste convívio de seis anos de vida parlamentar me têm dirigido palavras de carinho, de estima o de consideração, não apreciam os meus actos, nem a minha individualidade de uma maneira precipitada.

Procedi, Sr. Presidente, com toda a justiça, disso tenho a certeza absoluta, e assim pouco me importa com o que possam dizer os meus inimigos, visto que prefiro mais ter inimigos declarados do que falsos amigos.

Seria incapaz de proceder incorrectamente para com o Sr. Rodrigues Gaspar; o meu desejo, porém, era que o Sr. Rodrigues Gaspar me respeitasse, já não digo por mim, mas pelo cargo que eu exercia.

O Sr. Rodrigues Gaspar, Sr. Presidente, é uma pessoa por quem nós devemos ter a consideração que merece; mas o Sr. João Camoesas não pode conhecer o assunto em todos os seus detalhes, reportando-se apenas ao que os jornais têm dito.

O assunto há-de ser aqui tratado com todo o desenvolvimento, estando eu certo de que a Câmara há de vir a reconhecer que procedi com toda a lealdade, com toda a honradez e com toda a justiça.