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26 Diário da Câmara dos Deputados

que o Govêrno da minha presidência fez votar, entraram nos cofres públicos cêrca do 30:000.000$.

Não me incomodam as apreciações feitas à minha pessoa.

O meu trabalho tem, realmente, sido um trabalho sem valor, mas o que nunca permitirei, ou deixarei passar em julgado, são os ataques que se façam, porventura, à obra não só das pessoas que colaboraram comigo, mas à do todos os parlamentares que contribuíram para a sua efectivação. A êsses presto lhes mais uma vez a minha homenagem.

O Sr. Velhinho Correia, que foi o Ministro das Finanças no meu Ministério, trouxe ao Parlamento várias propostas do lei de alto interêsse para a República.

Eu devo dizer a V. Exa., Sr. Presidente, que não as vi excedidas com vantagem, até hoje, por ninguém em quaisquer diplomas posteriores.

Durante o Ministério do Sr. José Domingues dos Santos usei da palavra uma vez para apresentar uma moção. Nessa moção estabelecia-se uma verdadeira plataforma.

Se não fôsse a obstinação do Sr. Ministro das Finanças de então, a minha doutrina devia ter sido aprovada pelo Parlamento.

O meu desejo era obter o equilíbrio entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, pois só havia vantagem nisso.

Creio que estamos numa democracia e, portanto, que ainda é lícito, apesar das grandes manifestações, apresentarmos as nossas opiniões.

Se não o é, então não estamos em democracia ; estaríamos num regime que não era de liberdade.

Não há, em política financeira, o direito de afirmar que tudo quanto há feito é obra de um homem. E se êsse direito não existe de uma maneira geral, muito menos existe entre nós, visto que é o Poder Legislativo quere fundamentalmente pode reivindicar as responsabilidades dessa obra.

O que seria conveniente seria acabar de uma vez para sempre, adentro da política portuguesa, com o péssimo hábito de considerar uns como amigos do regime e outros como adversários.

Várias vezes tentei abandonar o Ministério a que presidia a quando da recomposição em que entrou o Sr. Velhinho Correia, por não mo querer sujeitar às consequências de um critério que ou reputava prejudicial o inconveniente aos interêsses da Nação.

Dissuadiu-mo dêsse propósito o venerando homem de bem que é o Chefe do Estado, mas a verdade o que ou cheguei a pôr a questão do meu lugar em Conselho do Ministros. Sabe-o muito bem o Sr. Velhinho Correia que mo está ouvindo.

Pois, Sr. Presidente, fui discutido até por correligionários meus, quer aqui, quer lá fora. E vejam agora V. Exas. a justiça dêsses ataques!

Apesar disso, porém, não se deminuíu em mim o grande amor que tenho à República. Não sou político que, perante uma contrariedade, se afaste ou resigno fàcilmente.

Cumpro frisar, Sr. Presidente, que os homens, parte dos quais foram, meus companheiros do Ministérios, que votaram noutro dia como votaram, não o fizeram porque quisessem estar ao lado dos exploradores e contra os explorados, ou porque quisessem que a guarda republicana espingardeasse o povo.

Os Governos da minha presidência nunca só colocaram ao lado dos exploradores e contra os explorados, nem deram instruções à fôrça pública para espingardear o povo.

Não, Sr. Presidente; nos Ministérios da minha presidência nunca consenti, nem era necessário o meu consentimento, que a polícia, a guarda republicana, o exército ou a marinha se servissem das armas para atacar o povo.

Apoiados.

E eu tenho pena, Sr. Presidente, de não dispor de eloquência para também erguer um hino ao povo.

Mas, Sr. Presidente, o povo é do sua natureza simplista e há muitos meneurs que se servem de palavras que se pronunciam nesta casa.

Alguns dêsses curiosos personagens de grupos, que nós sabemos quem são, deram-mo até, noutro dia, a honra suprema de mo levantarem morras.

E porquê?

Porque eu tivesse aqui defendido qualquer doutrina inconfessável? Não. Mas sim porque ou, no meu legítimo direito de Deputado, entendi que um diploma