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10 Diário da Câmara dos Deputados

mento dos regulamentos; mas realmente não tem aparecido qualquer caso de maior que chame a atenção do Ministro, como prova do indisciplina no exército.

A Câmara vê, e tem disso tido sempre a prova, que, quando se dão casos anormais de agitação social, o exército está som pró pronto, disciplinadamente, a obedecer ao Ministro da Guerra. Não me parece, portanto, que o Sr. Nuno Simões tenha razão para afirmar que o exército está indisciplinado.

Quanto aos acontecimentos desenrolados em Vila Real, devo declarar que não tenho conhecimento detalhado do assunto; apenas o conheço pelo que dizem os jornais.

É facto que muitos oficiais nas suas conversas fazem esta ou aquela crítica; mas isso não o posso evitar.

Aparece realmente muito anonimato, sempre com o intuito da difamação, chegando-se até ao insulto, mas em quanto a polícia de investigação não esteja organizada do forma a coibir êstes casos hão-de fatalmente repetir-se.

Relativamente às altas patentes do exército, modernamente não me consta que haja oficiais com altas patentes que passem a sua vida difamando qualquer individualidade política.

Precisando bem o meu pensamento, eu creio que o Sr. Nuno Simões não está bem informado pelo que respeita à disciplina e altas patentes do exército. Em todo o caso, porque não desejo deixar passar êste assunto em julgado, vou profundá-lo para ver se realmente se confirmam as afirmações que S. Exa. fez à Câmara.

Tenho dito.

O Sr. Nuno Simões (para explicações): - Sr. Presidente: agradeço as explicações que mo foram dadas pelo Sr. Presidente do Ministério e declaro que apoio calorosamente a intenção em que S. Exa. está de ir até ao fim, não só na averiguação o punição dos autores da campanha difamatória, a que aludi, como também na averiguação e punição dos últimos acontecimentos perturbadores da ordem.

Quanto à exposição feita pelo Sr. Ministro da Guerra, cumpre-mo declarar que a ouvi com toda a atenção. Todavia, a Câmara já conhece mais ou menos o mecanismo das inspecções, o portanto não foi para que S. Exa. nos expusesse êsse mecanismo que eu pedi a sua atenção sôbre os factos a que há pouco aludi.

Uma das afirmações do Sr. Ministro da Guerra ó a de que não há indisciplina no exército, acrescentando que tom a impressão do que eu fui mal informado em relação a alguns casos que aqui trouxe.

Cumpre-me dizer que não estou mal informado; naturalmente S. Exa. o Sr, Ministro da Guerra é que estará insuficientemente informado, o que é dolorso, tanto assim que o próprio Sr. Ministro da Guerra disse, em relação a certos casos, que apenas deles teve conhecimento pelos jornais.

Entretanto, parece-me que, tratando-se do factos irregulares, que o simples conhecimento dêles pelos jornais bastará para que haja os procedimentos e averiguações devidas, o Sr. Ministro da Guerra, como militar disciplinador que é, não deixará de lembrar às autoridades militares competentes a conveniência de averiguarem se êsses factos, que se tornaram públicos, são ou não verdadeiros.

Quanto aos casos de indisciplina, que mais flagrantes os quere S. Exa. do que aqueles que se passaram em Braga?

De facto, êles significam que se estilo dando acontecimentos que obrigam a que certos oficiais, porventura disciplinados, em determinados momentos só esqueçam do que só podem fazer as suas reclamações pelas vias competentes.

Relativamente ao caso das altas patentes, eu disso que na junta militar de Vila Real foi um oficial superior do exército que fez referências em público, diante duma multidão de recrutas, em desabono de vários políticos, para os quais teve palavras do suspeição e agravo.

Aludi aqui ao assunto com a maior sinceridade, pois não costumo brincar com cousas sérias, nem sou daqueles que se sorvem do exército para fins políticos.

Espero, por isso, que o Sr. Ministro da Guerra tome as minhas palavras na devida atenção para que haja o devido procedimento contra aqueles que não fazem senão visar o exército para satisfação das suas ambições, nem sempre legítimas.

Tenho dito.

O orador não reviu.