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Sessão de 11 de Março de 1925 11

Sr. Morais Carvalho. Entendemos, Sr. Presidente, que ao menos devem ser respeitados os usos e que portanto o Parlamento não deve pronunciar-se de afogadilho.

Não podemos compreender como ainda há tempos o Sr. Presidente do Ministério e a Câmara entendiam que não deviam ser votados 3 duodécimos duma vez e vem agora S. Exa. com uma proposta desta natureza. Não compreendemos também que esta proposta venha a ser discutida sem o parecer das respectivas comissões. 0 País exige que a situação financeira se esclareça, dia a dia, por completo; e a verdade é que, a continuarmos neste caminho, não se faz senão viver num regime de engano e do bluff.

O Estado não pode continuar a fazer as despesas que faz, sob pena do País se perder irremediavelmente.

Nestas condições, Sr. Presidente, nós havemos de fazer, quanto seja possível, uma análise larga e profunda a êste documento e havemos do fazer as diligências para que não sejam votados êstes três duodécimos, mas apenas um, que é o indispensável.

Quero o Sr. Presidente do Ministério livrar se da fiscalização do Parlamento, para que continuo a intriga da mesma facção política, que é a política dum partido que a vem impondo escandalosamente ao País há 14 anos já, infelizmente! Não compreendemos ainda que acima dos interêsses nacionais, continuem a pôr-se os de um partido que se julga o dono ou o senhor dêste pobre País.

Tenho dito.

O orador não reviu.

Foi aprovada a urgência para a segunda proposta do Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Presidente: - Peço a atenção da Câmara. O Sr. Presidente do Ministério, requereu que a sua proposta entrasse em discussão na próxima segunda-feira, na ordem do dia com ou sem parecer. Os Srs. Deputados que aprovam o requerimento de S. Exa. tenham a bondade de levantar-se.

Foi aprovado.

O Sr. Presidente: - Continuam em discussão os pareceres n.os 843-B, 857-A e 873, que autorizam o Govêrno a pôr à disposição da província de Angola uma determinada importância.

Lidos na Mesa, foram postos em discussão na generalidade.

O Sr. Nuno Simões:-Sr. Presidente: as propostas que vão discutir-se pode dizer-se que constituem, tal como estão, a primeira oportunidade para o julgamento da nossa política colonial do "após guerra".

Sr. Presidente: Sabe V. Exa., não ignora a Câmara nem o país, que, terminada a guerra, a nossa situação como Nação colonizadora e colonial voltou a ser discutida em todas as chancelarias. E os representantes dos países a que poderei chamar os velhos cobiçadores do nosso domínio colonial e que de há muito a vinham discutindo, tiveram sôbre a nossa acção como país colonizador, não só as suas opiniões em nome de um novo critério de política colonial, mas mais do que isso, afirmaram mais uma vez as suas aspirações do velhos o infatigáveis cobiçadores dos nossos domínios do além-mar.

Disse-se, Sr. Presidente, em conferências que se seguiram às negociações da paz, que era necessário mudar a concepção da política colonial no mundo; deixando ao país colonial uma função de defesa em que pusesse acima de tudo os interêsses da humanidade em geral.

Disse-se isso e afirmou se também que era necessário que Portugal mudasse de rumo, naquilo que respeita á sua política de administração colonial.

Todos o ouvimos, magoados todos na nossa sensibilidade patriótica; magoados, Sr. Presidente, por uma forma injusta, porque nós, através de todos os tempos, tivemos um sentimento absoluto dos nossos deveres e um conhecimento perfeito das nossas responsabilidades.

E, infelizmente, Sr. Presidente, essas insinuações que foram feitas no estrangeiro e que foram ouvidas sem todo aquele espírito de protesto que, nesse momento, deveria ter-nos animado, vieram até nós e colocaram-nos numa situação de conformados, quando, Sr. Presidente, tal não devia ser a nossa atitude.

Fomos, Sr. Presidente, um velho leão nos mares e a toda a parte levámos as