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Sessão de 11 de Março de 1925 19

sentados em ouro, visto que de escudos se tratava antes de 1914, mesmo até 1914.

Pois bem empregados deviam ter sido, assim como os sacrifícios que fizemos agora, se Angola puder vir a tomar na vida nacional o papel que lhe cumpre e que é da mais alta importância.

Não concebo hoje Portugal sem a existência das suas colónias, principalmente sem a existência de Angola, a mais portuguesa de todas elas pelos seus sistemas de trabalho, pelos seus sistemas de vida, pelas suas qualidades e pelos seus defeitos.

Angola precisa de ser administrada; e, ao iniciar uma nova época da sua administração, precisa, realmente, elaborar um plano para se executar em todos os seus detalhes, plano, a que não deve faltar o apoio do Parlamento, tendo em vista que a metrópole quere auxiliar as colónias, mas que também está vivendo horas de enormes dificuldades a que tem de fazer face.

Não é necessário condensar mais o pensamento das minhas considerações; e, como me parece útil, vou mandar para a Mesa uma moção que suponho a Câmara não terá duvida em votar, visto consubstanciar o pensamento geral do País a respeito da situação de Angola e das medidas em discussão.

É a seguinte a minha moção.

Moção

A Câmara dos Deputados reconhecendo a obrigação de, nas actuais circunstâncias e na medida das suas possibilidades, a metrópole auxiliar a província de Angola a satisfazer as suas dívidas vencidas e a financiar as obras públicas consideráveis de inadiável execução ali para o aproveitamento de trabalhos já feitos e de material adquirido;

Reconhecendo igualmente as dificuldades financeiras da metrópole que lhe impõem cada vez mais uma severa administração dos dinheiros públicos;

Mas reconhecendo que o auxílio proposto de nenhum modo pode resolver a crise daquela colónia que assume outros e mais graves aspectos de urgente solução, tanto sob o ponto de vista económico sob o ponto de vista financeiro:

Afirma a necessidade de se elaborar e executar um plano que vise a normalização completa da vida económico e administrativa da província, base do aproveitamento e desenvolvimento das suas múltiplas riquezas e passa à ordem do dia.- Nuno Simões.

Admitida.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O orador não reviu.

Lida na Mesa a moção do Sr. Nuno Simões, foi admitida e posta em discussão.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: Participo a V. Exa. que está constituída a comissão de saúde e assistência.

Escolheu-se para presidente o Sr. João Camoesas e a mim, participante, para secretário.

Tenho dito.

O Sr. Ministro das Colónias (Correia da Silva): - Sr. Presidente: ouvi com toda a atenção o discurso cheio de eloquência e que revela um conhecimento exacto do problema, que acaba de pronunciar o Sr. Nuno Simões.

Em primeiro lugar, eu registo dois apelos feitos pelo ilustre Deputado.

O primeiro para que neste problema se fale franco e se diga, por consequência, ao País a verdade tal como ela é.

O segundo para que as resoluções a tomar, quer pelo Govêrno, quer pelo Poder Legislativo, sôbre êste problema, sejam o mais urgentes possível.

Eu estou plenamente de acordo com êsses dois pontos de vista do ilustre Deputado e declaro, pois, à Câmara que, assim como nas primeiras palavras que numa sessão anterior proferi nesta casa do Parlamento sôbre êste assunto, em que eu fui absolutamente franco, pondo a verdade completamente a descoberto, tal como eu via, eu serei agora também absolutamente franco, falando apenas a linguagem da verdade em tudo mais mie pronunciar, não só, porque é êsso o meu modo de ser.

Mas, Sr. Presidente, muito especialmente porque assim se deve proceder neste assunto; e, eu permito-me dizer que formo perfeita idea das tremendas responsa-bilidades que tem perante o País quem tem presentemente em mãos a solução dêste gravíssimo problema.