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18 Diário da Câmara dos Deputados

to é certo - como diz um rifão popular- que o dinheiro não consente misérias. Tenho dito.

Vozes : - Muito bem! Muito bem! Foi lida e admitida a moção do Sr. Paiva Gomes do teor seguinte:

Moção

A Câmara dos Deputados:

Considerando que se impõe a cooperação da metrópole na solução da crise financeira em que Angola se vem debatendo, mercê de claros erros de administração;

Considerando que essa cooperação deve sor prestada por fôrça das disponibilidades efectivas do Tesouro;

Considerando que no auxílio a conceder a Angola é de elementar critério atender exclusivamente às necessidades reais daquela província;

Considerando mais que a colónia de Angola guarda no seu seio riquezas e energias suficientes para, com pequeno apoio da metrópole, se libertar dos embaraços em que se encontra, desde o momento em que todas as entidades mais ou menos directamente interessadas neste assunto façam nesse sentido um esfôrço sério, honesto e coordenado;

Considerando ainda que querer resolver o problema de Angola sem solucionar previamente a deplorável situação bancária representa uma imperfeita ou defeituosa visão do conjunto, quando acaso não haja em mira sanar a segunda ao abrigo da primeira:

Resolve prestar a Angola o auxílio que conscienciosamente se apure ser compatível com os recursos do Tesouro metropolitano e dentro dos estritos limites das verdadeiras e insofismáveis necessidades daquela colónia.

Sala das Sessões, 23 de Março de 1925.-- António de Paiva Gomes.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando, nestes termos, restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas,

O Sr. Ministro das Colónias (Correia da Silva): - Sr. Presidente: eu teria de ser muito longo e de ocupar a Câmara, naturalmente, durante o resto da sessão de hoje e ainda por bastantes horas de outras sessões, para responder detalhadamente aos numerosos Deputados que discutiram a proposta de lei que tive a honra de apresentar.

Entendo, porém, que a urgência que existe em resolver êste problema é tam grande que impõe ao Ministro o dever de ser o mais rápido possível, e por isso peço aos ilustres Deputados que usaram da palavra sôbre o assunto que me desculpem de não responder a todos os detalhes das suas considerações e de apenas salientar na minha resposta os pontos fundamentais que foram abordados e que directamente se relacionam com a minha proposta.

Sr. Presidente: faz hoje precisamente vinte dias que eu apresentei essa proposta de lei à Câmara. Instei, na ocasião do a apresentar, porque a sua discussão se fizesse ràpidamente, dispensando-se mesmo, se fôsse necessário, os pareceres das comissões, embora eu preferisse que ela viesse acompanhada dêsses pareceres.

Não posso deixar de dizer que a morosidade com que esta questão se está arrastando não é de forma alguma conforme com a sua urgência.

Uma voz:-Não apoiado.

O Orador : - Eu ouvi alguém dizer "não apoiado"; mas posso garantir à Câmara que me vejo embaraçadíssimo para fazer comunicações à província de Angola.

A ansiedade dessa província é extrema e pode transformar-se em alguma cousa de mais grave, cujas consequências para o nosso País poderão ir muito além do encargo que a presente proposta de lei traz a Portugal,

Querem que eu fale francamente.

Não sei falar de outra maneira.

Eu direi à Câmara, com plena consciência do que afirmo, que durante êstes vinte dias tenho tido muito desejo de abandonar êste lugar de Ministro, E se o não tenho feito é porque - chamem-me embora vaidoso (e não é nesta altura da minha vida, com as desilusões que tenho sofrido, que eu posso ter qualquer sombra de vaidade) - sei que tenho em Angola um nome respeitado e tido como o de um homem amigo daquela província, e que o meu abandono dêste lugar